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SAIBA COMO FAZER UM PLANO DE ADUBAÇÃO IDEAL PARA UM CULTIVO

 

A nutrição das plantas é um dos pilares da produtividade agrícola. Mas para garantir que as culturas recebam os nutrientes certos, na dose certa e no momento ideal, é necessário muito mais do que aplicar fertilizantes de forma aleatória. É preciso elaborar um plano de adubação racional, técnico e eficiente, baseado em informações reais da área de cultivo.

Neste artigo, você aprenderá como fazer um plano de adubação ideal para qualquer cultivo, passo a passo — desde a análise de solo até o acompanhamento durante o ciclo da planta.


🧪 1. Faça uma análise completa do solo

O primeiro passo, e o mais importante, é conhecer as condições nutricionais e químicas do solo. Para isso, a coleta e análise de solo são fundamentais.

O que deve conter a análise?

  • pH do solo

  • Matéria orgânica (%)

  • Níveis de P, K, Ca, Mg, S

  • Micronutrientes (B, Zn, Mn, Cu)

  • Acidez potencial (H+Al)

  • Capacidade de troca catiônica (CTC)

  • Saturação por bases (V%)

📌 Importante: A coleta deve ser feita com ferramenta limpa, em zigue-zague, retirando amostras a 20 cm de profundidade (ou conforme o sistema de cultivo).


⚖️ 2. Corrija o solo antes de adubar

Se a análise indicar pH baixo e presença de alumínio tóxico, é necessário fazer a calagem (aplicação de calcário) para elevar o pH a níveis ideais (5,5 a 6,5, dependendo da cultura).
Em alguns casos, pode ser recomendada a gessagem, especialmente em solos argilosos e profundos.

A correção do solo:

  • Aumenta a disponibilidade dos nutrientes

  • Melhora o ambiente radicular

  • Eleva a eficiência da adubação

🔍 A calagem deve ser feita com 2 a 3 meses de antecedência do plantio.


🧑‍🌾 3. Conheça as exigências nutricionais da cultura

Cada cultura possui uma exigência específica de nutrientes, com variação ao longo do ciclo. Alguns exemplos:

  • Milho: exige muito nitrogênio (N) e potássio (K)

  • Soja: alta exigência de fósforo (P) e molibdênio (Mo)

  • Tomate: exige todos os macronutrientes em altas quantidades, principalmente cálcio (Ca)

  • Café: alta exigência de potássio, magnésio e boro

Consulte as tabelas oficiais de recomendação por estado (como as da Embrapa ou instituições estaduais de pesquisa), levando em conta:

  • Tipo de solo

  • Produtividade esperada (baixa, média ou alta)

  • Cultivares utilizadas


💡 4. Escolha os fertilizantes adequados

Com base na análise de solo e na cultura, você poderá definir os melhores fertilizantes.

Tipos de fertilizantes:

  • Minerais (químicos): NPK, superfosfato, ureia, cloreto de potássio, MAP, etc.

  • Orgânicos: esterco curtido, composto, tortas vegetais, húmus de minhoca

  • Organominerais: mistura dos dois tipos

  • Folhares: para micronutrientes e correções rápidas

  • Fertilizantes de liberação controlada: usados em cultivos com alto valor agregado

🎯 A combinação ideal é aquela que equilibra rapidez de absorção com efeito residual e promove boa relação custo-benefício.


📦 5. Faça o cálculo da dose por hectare

A recomendação é sempre feita em kg/ha de cada nutriente. Com esses dados, você deve converter para a quantidade de fertilizante comercial necessário.

Exemplo:

Se a recomendação for de 80 kg/ha de P2O5 e você usar um superfosfato simples (com 18% de P2O5), o cálculo será:

80 ÷ 0,18 = 444 kg/ha de superfosfato simples

Esse cálculo deve ser feito para cada nutriente, com base no fertilizante escolhido. Se usar uma fórmula pronta (como 04-14-08), o raciocínio será o mesmo, com base nas porcentagens de cada nutriente na fórmula.


⏱️ 6. Determine os momentos de aplicação (parcelamento)

As plantas não absorvem todos os nutrientes de uma só vez. Por isso, a adubação deve ser fracionada ao longo do ciclo, dividida em:

  • Adubação de plantio (base): feita no sulco ou na cova

  • Adubação de cobertura: aplicada no solo após a emergência ou pegamento da planta

  • Adubação via fertirrigação ou foliar: usada em cultivos irrigados ou de ciclo curto

  • Adubação de manutenção: usada em cultivos perenes

📌 O parcelamento evita perdas por lixiviação, volatilização ou fixação no solo.


🌿 7. Adote práticas que aumentam a eficiência da adubação

  • Evite excesso de adubação nitrogenada em solos arenosos.

  • Aplique fósforo no sulco, próximo às raízes.

  • Mantenha o solo coberto com palha ou cobertura verde.

  • Use inoculantes em culturas como soja, feijão e amendoim.

  • Evite adubar em dias muito quentes ou antes de chuvas intensas.

🔍 O uso de matéria orgânica, biofertilizantes e bioestimulantes também pode potencializar o aproveitamento dos nutrientes.


📋 8. Monte o plano de adubação por talhão

Agrupe as áreas da sua lavoura em talhões com características semelhantes, para facilitar a aplicação e o manejo da adubação.

Seu plano deve conter:

  • Área (ha)

  • Cultura e cultivar

  • Produtividade esperada

  • Análise de solo (resumo)

  • Doses recomendadas de nutrientes

  • Fertilizantes a serem utilizados

  • Cronograma de aplicação

💡 Mantenha registros de aplicação e observações de campo. Isso facilita correções para as próximas safras.


📈 9. Faça o acompanhamento e ajuste do plano

Durante o ciclo, observe o desenvolvimento da planta e, se possível, realize análises foliares, principalmente em cultivos de alto valor.

Se notar sintomas de deficiência ou excesso, corrija pontualmente com adubação foliar ou de cobertura.

📌 O plano de adubação não é estático — ele deve ser revisto a cada safra, com base nos resultados e nas novas análises.


✅ Conclusão

Elaborar um plano de adubação ideal é uma prática essencial para maximizar o potencial produtivo das lavouras, reduzir perdas de insumos e garantir sustentabilidade ao sistema de produção.

Mais do que simplesmente aplicar fertilizantes, trata-se de nutrir o solo e a planta de forma inteligente, técnica e ajustada à realidade da área.

Com uma boa análise de solo, conhecimento das exigências da cultura, escolha correta dos fertilizantes e planejamento de aplicação, o produtor consegue aumentar a produtividade com responsabilidade econômica e ambiental.

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