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Correção do Solo com Calcário Dolomítico: Guia Técnico Passo a Passo

A correção da acidez do solo é o primeiro passo para garantir alta produtividade em qualquer sistema agrícola. Em solos ácidos — comuns em mais de 70% das áreas cultiváveis do Brasil — a aplicação de calcário dolomítico é uma prática essencial não apenas para elevar o pH, mas também para fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), nutrientes fundamentais para o desenvolvimento das culturas.

Como especialista em adubação racional e eficiência de insumos na DARE AGRO , apresento neste artigo um passo a passo técnico e prático para a correção do solo com cálculo dolomítico , baseado em ciência do solo, respostas químicas e resultados de campo comprovados.


Passo 1: Coleta de Solo – A Base de Qualquer Decisão Técnica

Antes de pensar em concordar com o solo, você precisa conhecê-lo profundamente.

Procedimento:

  • Realize uma coleta de amostras de solo em camada de 0–20 cm (profundidade de raiz ativa).
  • Utilize grau sistemático (malha de 200 mx 200 m) ou por área aquosa.
  • Misture de 15 a 20 subamostras para formar uma composição representativa por talhão.
  • Envie ao laboratório com laudo completo: pH (CaCl₂), Ca, Mg, K, Al³⁺, P, MO, CTC e saturação por bases (V%).

Atenção : Evite áreas próximas a cercas, estradas ou pontos antigos de esterno, que podem distorcer os resultados.

 


Passo 2: Interpretação dos Resultados – Identificando a Necessidade de Calagem

O principal objetivo do calcário dolomítico é elevar o pH do solo para a faixa ideal da cultura e corrigir deficiências de Ca e Mg .

Critérios técnicos:

  • pH em CaCl₂ < 5,5 → necessita de calagem
  • Saturação por bases (V%) < 60% → indica baixa fertilidade natural
  • Presença de Al³⁺ > 0,5 cmolc/dm³ → toxicidade para raízes

Exemplo prático : Se o solo apresenta V% = 40% e deseja-se alcançar V% = 60%, há uma lacuna de 20 pontos percentuais a serem corrigidos.


Passo 3: Cálculo da Necessidade de Calagem (NC)

Utilize o método de saturação por bases (V%) , amplamente aceito no Brasil:

Onde:

  • V
    = saturação por bases atuais (%)
  • V
    = saturação por bases desejadas (%) (Para maioria das culturas, incluindo milho, soja, feijão e quiabo: V₂ = 60–70%)
  • CTC = Capacidade de Troca de Cátions a pH 7,0 (cmolc/dm³)
  • PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do calcário (%)

Exemplo numérico : Solo com CTC = 8,0 cmolc/dm³, V₁ = 40%, V₂ = 60%, calcário com PRNT = 85%

Portanto, recomendamos aplicar aproximadamente 1,9 toneladas de calcário dolomítico por hectare .


Passo 4: Escolha do Calcário Dolomítico – Qualidade é Fundamental

Nem todo cálculo é igual. O calcário dolomítico deve conter:

  • No mínimo 12% de MgO (óxido de magnésio)
  • Granulometria fina:
    • ≥ 60% passando na peneira #100 (0,149 mm)
    • ≥ 80% passando na peneira #20 (0,841 mm)
  • PRNT ≥ 80% (garante reatividade no curto prazo)

Diferencial DARE AGRO : Priorizar produtos com certificação de qualidade (INMETRO) e laudo físico-químico atualizado. Evite "calcários regionais" sem análise comprovada.


Passo 5: Época e Método de Aplicação – Quando e Como Aplicar?

Melhor época:

  • Aplicar de 30 a 90 dias antes do plantio , preferencialmente no período chuvoso, para ativar as reações de neutralização.

Métodos de distribuição:

  1. Aplicação em superfície + incorporação (com arado ou grau pesado) → ideal para áreas a serem qualificadas.
  2. Aplicação em superfície sem incorporação → viável em sistemas de planejamento direto, mas exige chuvas regulares para ação lenta.
  3. Aplicação parcelada → recomendado em solos muito ácidos (NC > 4 t/ha). Divida em duas aplicações: metade antes do plantio e metade após 1 ano.

Dica técnica : Em áreas de encosta, aplique faixas ou equipamentos de isolamento para evitar erosão.

 


Passo 6: Incorporação e Homogeneização – Garantindo a Reação Química

O calcário precisa estar em contato com o solo para reagir.

  • Após a aplicação, incorpore com grau nivelador ou escarificador , atingindo 15–20 cm de profundidade.
  • Verifique a uniformidade da distribuição visualmente ou com amostragem pós-aplicação.

Reação no solo : O calcário reage com a água e o CO₂ do solo, gerando bicarbonatos e elevando o pH:

Essa ocorrência remove a acidez (H⁺ e Al³⁺) e libera Ca e Mg trocáveis.


Passo 7: Monitoramento Pós-Calagem – Avaliando os Resultados

A correção do solo não é imediata. Os efeitos plenos levam de 3 a 6 meses .

Ações recomendadas:

  • Repita a análise de solo 6 a 8 meses após a aplicação .
  • Verifique: aumento do pH, redução do Al³⁺, elevação de Ca e Mg.
  • Faça análise foliar para confirmar a melhoria na nutrição da planta.

Alerta : Nunca aplique calcário junto com adubos nitrogenados (uréia, sulfato de amônio) — pode haver perda de nitrogênio por volatilização de amônia.

 


Conclusão: Corrigir o Solo é Investir em Produtividade

Aplicar calcário dolomítico não é um custo — é um investimento estratégico que potencializa a eficiência de todos os demais insumos: adubos, sementes, defensivos e segurança.

Na DARE AGRO , entendemos que a agricultura de precisão começa com o solo equilibrado. Um pH adequado, níveis suficientes de Ca e Mg e ausência de toxicidade por alumínio são pré-requisitos para colheitas rentáveis e sustentáveis.

Siga este protocolo com rigor técnico, utilize índices de qualidade e acompanhe os resultados com dados. A terra responde quando tratada com ciência.

"Solo corrigido é solo produtivo. E produtividade bem planejada é garantido lucro."

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