A acidez do solo é um problema comum que atinge várias áreas de cultivo em todo o Globo, sendo muitas vezes afetada por condições climáticas e ambientais como precipitações pluviométricas, salinização do solo entre outros fatores. A interperização de minerais no solo pode aumenta sua acidez pela lixiviação e perdas de bases, diminuindo o pH do solo e afetando na disponibilidade de nutrientes tóxicos e benéficos para as plantas.
Mas qual a importância de se corrigir o pH do solo?
Os nutrientes no solo não se comportam de forma similar, cada nutriente apresenta particularidades quanto ao seu movimento, adsorção, e disponibilidade no solo, sendo que alguns nutrientes apresentam maior disponibilidade para as plantas em maiores faixas de pH, enquanto outros em faixas menores de pH. Além disso, valores muito baixos de pH aumentam a disponibilidade de elementos tóxicos no solo para as plantas, como por exemplo o alumínio trocável. Outro fator importante é a exigência da cultura a faixa de pH e a disponibilidade de nutrientes no solo com base nos valores de pH (figura1).
Figura 1: Relação entre o pH e a disponibilidade de nutrientes no solo.
Na prática, o pH aconselhado para a maior partes das culturas agrícolas cultivadas no Brasil fica entre 6,0 e 6,5, sendo que nesta faixa de pH, se tem maior disponibilidade de nutrientes do solo para as plantas.
Calagem do solo
Segundo CAIRES et. al, (2002) a acidez do solo, limita a produtividade da cultura, além de afetar seu crescimento em função da toxidade causada disponibilidade de Al e Mn no solo. Sendo assim a correção da acidez do solo é base fundamenta para o bom crescimento, desenvolvimento e produtividade das culturas agrícolas. Abaixo é apresentada como ocorre a reação do calcário no solo em três passos:
1º ocorre a dissolução e dissociação do calcário:
CaCO3(s) + H2O ↔ CaCO3(aq) ↔ Ca+2 + HCO3– + OH–
2º ocorre a neutralização da acidez ativa, ocorrendo o aumento do pH do solo
HCO3– + H+ ↔ HCO3 ↔ H2O + CO2↑
OH– + H+ ↔ H2O
3º por fim, ocorre a neutralização do alumínio:
Al3+ + 3OH– ↔ Al(OH)3↓
O diagnóstico da acidez do solo é realizada com base na análise química do solo, contudo, metodologias diferentes são empregas para distintas regiões, por exemplo: para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, as camadas para amostragem do solo são tratadas de forma separada (0 a 10 e 10 a 20 cm ), já para estados como São Paulo, considera-se a camada de 0 a 20cm.
No entanto, para realizar uma correta calagem é preciso atentar para mais alguns fatores, como por exemplo o histórico da área de cultivo, a cultura a ser implantada e principalmente o sistema de produção. Em lavouras frutíferas ou na implementação de lavouras sob sistema de plantio direto é necessário que se faça a correção da acidez do solo em profundidade, incorporando o calcário nas camadas mais profundas do solo, já que ele apresenta pouca mobilidade em seu perfil.
Outro fator importante é a escolha o calcário a ser utilizado, pois além de atuar na correção da acidez do solo o calcário também é fonte de fornecimento de Ca e Mg ao solo. Os calcários mais comuns de serem utilizados são os calcários calcíticos (os quais apresentam maiores teores de Ca e baixos teores de Mg) e os calcários dolomíticos que apresentam maiores teores de Ca e Mg. Muito da escolha do calcário vai da disponibilidade do produto na região de cultivo, contudo quando é possível escolher e é necessária a correção nos níveis de Mg no solo aconselha-se optar pelo calcário dolomíticos.
Segundo LOPES, et. al, (1990) quando utilizado o calcário para correção da acidez do solo, deve-se atentar para duas características principais além dos teores de Ca e Mg, sendo elas: granulometria e Poder Relativo de Neutralização (PRNT), que segundo PRIMAVESI & PRIMAVESI (2004), é a quantidade de Poder de Neutralização do corretivo que agirá no solo em três meses, sendo necessária a correção da quantidade utilizada de calcário com base na recomendação e PRNT do corretivo.
Gessagem do solo
Segundo VITTI & PRIORI (2009), o gesso agrícola tem como características a maior mobilidade no perfil do solo quando comparado ao calcário devido sua maior solubilidade, além de ser fonte de cálcio e enxofre para o solo. Eles ainda destacam que por apresentar maior mobilidade no solo, o gesso agrícola tem a capacidade de aumentar o teor de cálcio em profundidade, diminuindo o Al trocável e sua absorção pelas plantas, proporcionando um ambiente mais propicio ao desenvolvimento radicular nas camadas mais profundas do solo e auxiliando no incremento da produtividade da cultura (tabela 1).
Tabela 1. Produção de grãos de soja, considerando a aplicação da calagem e de doses de gesso no sistema plantio direto em três safras.
Na tabela 1, é possível observar que a dose de seis t.ha-1 em ambas as safras apresentou maior resposta à produtividade, destacando a influência do gesso na produtividade da soja. Contudo, a dose superior a seis t.ha-1 (nove t.ha-1) apresentou produtividade inferior para nas condições avaliadas pelos autores, destacando a não resposta linear á utilização do gesso agrícola.
Conforme PITTA et. al, (2008), para se realizar a tomada de decisão na utilização ou não do gesso agrícola, é preciso conhecer alguns parâmetros com textura do solo e teor de argila. Sua aplicação deve ser realizada a lanço, o que torna o uso do gesso uma alternativa para a correção da acidez do solo em profundidade, sem que seja necessário o revolvimento do solo e degradação de sistemas de plantio direto já consolidados.
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