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Especialista indica como fazer o preparo do solo arenoso para receber culturas

 

Em todo o mundo, a demanda por alimentos é crescente nos últimos anos. Porém, as dificuldades de abertura de novas áreas contribuíram para que fossem utilizadas áreas menos produtivas, tais como solos arenosos. Mas, para que maiores produtividades sejam alcançadas o preparo do solo arenoso é exigido.

Mas você já parou para pensar quais devem ser as estratégias no preparo do solo arenoso que você deve considerar na busca por maiores produtividades para a cultura desejada?

Para ter as respostas, convidamos o Professor Dr. Edemar Moro, Docente e pesquisador do curso de agronomia da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), para dar recomendações sobre como deve ser o preparo do solo arenoso para recebimento das culturas.



O que é um solo arenoso?

Os solos arenosos são constituídos quase que exclusivamente por grãos de areia. Também chamados de solo leve, esses solos são aqueles que se destacam pela grande proporção de areia em sua composição e menor proporção de argila. “Solos com teores de argila menores que 20% são classificados como arenosos”, diz Moro.

Os solos arenosos distribuem-se em extensas áreas do país, sendo que grande parte deles está alocado nas regiões do nordeste brasileiro. São também mais suscetíveis à degradação e perda da capacidade produtiva, pois são mais pobres em nutrientes.

Apresentam também baixa capacidade de retenção de nutrientes e de água, por terem baixa capacidade tampão, relacionada aos baixos teores de argila e de matéria orgânica ou adubo orgânico. Assim, principalmente quando mal manejados, os solos arenosos podem apresentar baixa eficiência produtiva.

Recomendações para recuperar a fertilidade de um solo arenoso

Por apresentarem baixo nível de matéria orgânica e de nutrientes, o professor da Unoeste explica que as recomendações de manejo de um solo arenoso devem sempre ser baseadas na análise de solo. “Também é importante consultar um engenheiro agrônomo para indicar as quantidades de calcário, gesso, e nutrientes a serem aplicados”, sugere Moro.

Além do investimento em fertilidade, o especialista destaca que o manejo dos solos arenosos é diferente dos solos argilosos. Já a rotação de culturas e o uso de gramíneas forrageiras é fundamental para o sucesso da cultura.

Além destas questões, Moro indica que um sistema que tem colocado muitos solos arenosos no mapa de uso com culturas anuais é a integração lavoura-pecuária (ILP). “A ILP é o sistema ideal para solos arenosos, tendo em vista que sempre haverá o cultivo de gramíneas como as braquiárias e diversificação da fonte de renda”, cita o professor.

Diante disso tudo, Moro destaca que o preparo do solo arenoso deve ser entendido como correção da fertilidade e construção física do solo.

Já o revolvimento do solo arenoso só é indicado em alguns casos específicos. “Quando há compactação, presença de alumínio ou quando é necessário sistematizar a área para facilitar o tráfego de máquinas agrícolas, especialmente a colhedora de soja, o revolvimento pode ser uma possibilidade”.

Como fazer o correto preparo do solo arenoso?

Durante muito tempo, terras com predominância de solos arenosos eram consideradas de aptidão bastante limitada para as lavouras anuais e/ou perenes. Consequentemente, eram consideradas de pouca relevância para a produção agrícola pela baixa capacidade produtiva ofertada.

Mas hoje em dia já há alguns manejos destinados ao melhor preparo do solo arenoso para que ele receba culturas e permita boas produtividades.

Em um primeiro momento, o professor da Unoeste ressalta que, caso seja necessário o revolvimento do solo para correção da acidez e sistematização da área, é indicado que se faça essa prática no final do período chuvoso para evitar problemas de erosão.

Além disso, imediatamente após a incorporação dos corretivos, Moro diz que é de suma importância que se faça a implantação de uma gramínea forrageira. “O papel da gramínea será proteger o solo, servir de alimento aos animais no caso da ILP e, produzir palhada para cobertura do solo”.

Além disso, as raízes volumosas das gramíneas farão a estruturação física do solo. “Desta forma, no verão, o ambiente estará devidamente pronto para receber as culturas anuais e mais resiliente”, cita o Moro.

Por fim, este preparo é importante quando, no período de verão, o solo será usado para cultuas anuais, tal como a soja.

“As culturas anuais apresentam ciclo curto e, permanecem no campo em média apenas quatro a cinco meses, assim as condições do solo arenoso precisam ser as melhores possíveis para que as plantas suportem eventuais problemas de falta de chuva, comumente denominados de veranicos”, finaliza o especialista.

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