Pular para o conteúdo principal

PRINCIPAIS SISTEMAS DE CONFINAMENTO PARA GADO LEITEIRO E SUAS CARACTERÍSTICAS!

A produção de leite em sistemas de confinamento é amplamente utilizada em muitos países, como EUA, Israel, Japão, entre outros e vem crescendo cada vez mais no Brasil.

No sistema de confinamento, as vacas são alimentadas no cocho e necessitam de instalações confortáveis e funcionais que proporcionam um ambiente melhor em termos de conforto térmico, para diminuir o estresse animal e consequentemente aumentar o seu bem-estar e sua capacidade produtiva.

Trata-se, no entanto, de um sistema de custos bem mais altos do que a produção a pasto, de forma que é necessário avaliar a viabilidade do projeto em cada caso, levando em conta características da propriedade, do rebanho e da região onde o sistema está inserido.

Confira abaixo os principais sistemas de confinamento de gado leiteiro e suas características:

1) Tie-stall 

No sistema tie-stall as vacas permanecem lado a lado, contidas em baias individuais a maior parte do tempo e são mantidas presas por uma corrente no pescoço. Elas recebem alimentação 100% no cocho e geralmente ficam soltas apenas na hora da ordenha quando fazem um pouco de exercício.

É um sistema de alto investimento por animal alojado e de pouca eficiência de trabalho como limpeza, distribuição de alimentos e ordenha. O sistema de alimentação mais utilizado é o do fornecimento de alimentos concentrados separados da forragem, em função da dificuldade de mecanização. Normalmente são utilizados em rebanhos menores, onde a mão de obra é familiar.

Essa contenção, que prende os animais pode ser feita com canzis de madeira ou de tubos metálicos chumbados diretamente no piso de concreto, e ressalta que em geral a altura do pé-direito do galpão deve ser de, no mínimo 3 metros.

A água deve ser fornecida em bebedouros, que pode servir até dois animais, e a alimentação pode ser manualmente ou mecanicamente, até duas vezes ao dia, sendo que parte do concentrado pode ser fornecida na sala de ordenha. Neste sistema, a cama não precisa ser trocada diariamente, mas os dejetos que caem em canaletas localizadas atrás dos animais devem ser limpos todos os dias para controle da higiene. 

O sistema tie-stall é muito utilizado para rebanhos pequenos de até 60 animais em lactação, e para o sucesso deste tipo de instalação as baias devem possuir dimensões adequadas para a movimentação dos animais, sendo construídas de acordo com o tamanho dos animais. O arranjo mais desejável é o de duas fileiras de baias, de modo que as vacas fiquem com a parte superior voltada para o corredor, chamada de área de serviço.

Algumas vantagens desse sistema:

  • Limpeza dos animais;
  • Manejo mais próximo do rebanho;
  • Mecanização facilitada;
  • Melhor estrutura de trabalho para os funcionários;
  • Manejo prático em rebanho menores

Porém, existem alguns desafios:

  • Dificuldades em prender e soltar os animais;
  • Reduz a oportunidade das vacas exercitarem;
  • Muito trabalho se não for manejo mecanizado;
  • Alto custo de construção das instalações;
  • Poucas possibilidades de separação de vacas por lotes, aumentando as chances de estresse.

2) Free-stall

No sistema free-stall, as vacas ficam soltas dentro de uma área cercada, sendo parte dividida em baias individuais, onde os animais permanecem lado a lado, e são forradas com cama que pode ser areia ou borracha triturada. As baias são destinadas ao descanso dos animais e a outra parte da instalação é destinada para a alimentação e exercícios.

No caso das baias, o comprimento deve ser o mínimo para que o animal, ao deitar-se, permaneça com o úbere e as pernas alojadas internamente ao cubículo, enquanto os dejetos são lançados no corredor de limpeza ou serviço. Quando bem dimensionadas, estas sempre permanecem secas e limpas por longo período (10 a 15 dias), de modo a gerar uma economia, do material de cama e da mão de obra.

Quanto à cama, estudos mostram que há maior preferência dos animais pela cama de areia para os comportamentos deitada em ócio e deitada ruminando, sendo que as vacas permaneceram mais tempo deitadas em cama de borracha somente nos períodos mais frescos (noite e madrugada) devido à temperatura da cama.

O sistema free-stall foi recomendado e se tornou muito popular entre os produtores, devido ao seu manejo, ou seja, quando as vacas não estão sendo ordenhadas, elas podem ficar vagando livremente em um grande espaço aberto com chão de terra ou concreto e acesso fácil para a alimentação que pode ser de feno ou silagem. Na hora da ordenha, as vacas podem ser treinadas para andar em uma sala de ordenha separada, onde terão acesso aos alimentos concentrados, enquanto estavam sendo ordenhadas.

Algumas vantagens desse sistema:

  • Economia no custo operacional;
  • Fácil mecanização;
  • Espaço para exercício dos animais;
  • Menor necessidade de área para repouso em comparação ao espaço de repouso coletivo;
  • Mais flexibilidade para manejo dos animais;
  • Vacas permanecem mais limpas. 

Alguns desafios são:

  • Alto custo de construção do sistema;
  • Requer boa manutenção das estruturas para manter a sanidade do ambiente;
  • Menor atenção individual;
  • Maior competição.

3) Loose Housing

No sistema loose housing, o confinamento dos animais ocorre em estábulos com área de repouso coletivo para gado leiteiro. Os animais, embora confinados, ficam em áreas livres, para os exercícios com áreas cobertas para se protegerem do sol forte, chuva violenta e ventos frios, podendo ter liberdade de movimento e de direção. As vacas são levadas para áreas ou galpões separados para a ordenha e alimentação.

O sistema loose housing é bastante popular em regiões mais secas dos Estados Unidos. Exige menor nível de detalhamento do sistema quando comparado ao free-stall, pois os animais permanecem em grandes currais equipados com área de descanso comum e sombreados. Nesse sistema, o capital investido por animal alojado é menor, sendo bastante difundido na região oeste dos EUA.

Algumas vantagens desse sistema:

  • Custo de construção menor; 
  • Reconhecimento de animais no cio facilitado;
  • Animais mais livres.

Alguns desafios:

  • Difícil manutenção das estruturas;
  • Necessidade de maior atenção à limpeza, para evitar o acúmulo de fezes e infestação de moscas no espaço. 

4) Compost Barn

O compost Barn é um sistema de confinamento alternativo do conhecido sistema loose housing, onde os animais ficam soltos e podem caminhar livremente dentro do galpão visando primeiramente melhorar o conforto e bem-estar dos animais e, consequentemente melhorar os índices produtividade do rebanho.

As instalações compost barn, são sustentáveis e oferecem benefícios para as vacas, que têm mais liberdade de movimento (exercitar) e um amplo espaço onde podem deitar naturalmente. Nesse sistema quando as vacas estão em pé, além da maior interação social, elas passam mais tempo em uma superfície mais suave, que são as camas e com isso melhora o bem-estar da vaca e a sua saúde. Quando são devidamente conduzidos, mantendo o material de cama seco e revolvendo o mesmo no mínimo duas vezes ao dia, pode resultar em diminuição da contagem de células somáticas (CCS) do leite, vacas mais limpas, aumento da produção de leite e redução da claudicação.

O compost barn, assim como todo sistema de confinamento para bovinos leiteiros, exige cuidados e a observação de orientações técnicas para que sejam obtidos resultados positivos do ponto de visto produtivo e econômico, pode ser considerado para produtores que não possuem grandes áreas disponíveis para desenvolver a atividade leiteira como uma boa opção, sobretudo em locais onde a agricultura familiar é dominante. Neste sistema, as instalações devem ser bem projetadas e manejadas para terem sucesso, e isso inclui: uma estrutura bem projetada e um bom manejo da cama. 

A cama precisa ser revolvida frequentemente, a umidade ideal da cama e a densidade de animais devem ser controladas, e o material de cama tem que ser o apropriado para o conforto do animal e adequado para o produtor, com um custo acessível e disponível próximo a propriedade para facilitar a sua aquisição.

O material de cama deve ser manejado adequadamente para proporcionar uma superfície seca, confortável e saudável em que as vacas possam levantar e andar em uma superfície macia. Os materiais de cama mais comumente usados são serragem, aparas de madeira e cavacos de madeira. Materiais de partículas pequenas, como a palha finamente processada, palha de milho e subproduto de palha de trigo também podem ser utilizados. Entretanto, deve ter cuidado com outros tipos de materiais de cama, tais como areia, esterco seco ou solo.

Algumas vantagens desse sistema:

  • Maior liberdade dos animais;
  • Menor índice de problemas com os cascos;
  • Melhor detecção de cio;
  • Menos odor devido à compostagem natural dos dejetos;
  • Menor incidência de moscas;
  • Menor estresse térmico.

Alguns desafios: 

  • Dificuldade em encontrar material para a cama;
  • Dificuldade no manejo da cama.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TABELAS DE INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO

Classificação das leituras de pH em água e em CaCl 2 pH em água Classificação* < 5 acidez elevada 5,0 a 5,9 acidez média 6,0 a 6,9 acidez fraca 7,0 neutro 7,1 a 7,8 alcalinidade fraca > 7,8 alcalinidade elevada pH em CaCl 2 Classificação* < 4,3 acidez muito alta 4,4 a 5,0 acidez alta 5,1 a 5,5 acidez média 5,6 a 6,0 acidez baixa 6,0 a 7,0 acidez muito baixa 7,0 neutro > 7,0 alcalino * Relação solo:solução = 1:2,5 Interpretação de análise de solo para P extraído pelo método Mehlich, de acordo com o teor de argila, para recomendação de fosfatada em sistemas de sequeiro com culturas anuais. Teor de argila Teor de P no solo Muito baixo Baixo Médio Adequado Alto % ------------------------------------mg/dm³------------------------------------ ≤ 15 0 a 0,6 6,1 a 12,0 12,1 a 18,0 18,1 a 25,0 > 25,0 16 a 35 0 a 0,5 5,1 a 10,0 10,1 a 15,0 15,1 a 20,0 > 20,0 36 a 60 0 a 0,3 3,1 a 5,0 5,1 a 8,0 8,1 a 12,0 > 12,0 > 60 0 a 0,2 2,1 a 3,0 3,1 a 4,0 4,1 a 6,0 > 6,0 Fonte: Sou

Como Medir o pH do Solo e Corrigir sua Acidez: Guia Passo a Passo

Como Medir o pH do Solo e Corrigir sua Acidez: Guia Passo a Passo Medir o pH do solo é fundamental para garantir a saúde e a produtividade das plantas cultivadas. Um solo com pH adequado proporciona uma melhor absorção de nutrientes pelas plantas, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento. Com o Medidor de pH do Solo , esse processo se torna ainda mais simples e preciso. Neste guia, vamos ensinar como medir o pH do solo e corrigir sua acidez, além de apresentar tabelas úteis para auxiliar na interpretação dos resultados. Passo 1: Preparação do Solo Antes de medir o pH do solo, certifique-se de que o solo esteja úmido , mas não encharcado. Evite realizar a medição logo após a aplicação de fertilizantes ou corretivos, pois isso pode interferir nos resultados. Passo 2: Utilização do Medidor de pH do Solo Ligue o Medidor de pH do Solo. Insira a sonda do medidor no solo, a uma profundidade de aproximadamente 5 a 10 centímetros . Aguarde alguns segundos até que o medidor estabilize e ex

COMO MEDIR A FERTILIDADE DO SOLO EM 3 SEGUNDOS

A Importância da Medição da Fertilidade do Solo e Nosso Novo Medidor A fertilidade do solo é um dos pilares fundamentais para garantir uma agricultura produtiva e sustentável. Entender e medir a fertilidade do solo é essencial para assegurar que suas plantas recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável e vigoroso. Nesta matéria, vamos explorar a importância de monitorar a fertilidade do solo e apresentar o nosso novo Medidor de Fertilidade do Solo, que está disponível em nossa loja online. Por que Medir a Fertilidade do Solo? Otimização da Nutrição das Plantas Nutrientes Essenciais: A fertilidade do solo refere-se à capacidade do solo de fornecer os nutrientes essenciais necessários para o crescimento das plantas. Os principais nutrientes incluem nitrogênio, fósforo e potássio, além de micronutrientes como ferro, manganês e zinco. Crescimento Saudável: Medir a fertilidade do solo ajuda a garantir que suas plantas tenham acesso aos nutrientes em quantidade sufi