A fertilidade tem sido conceituada como “a capacidade do solo de ceder elementos essenciais às plantas“, segundo a Embrapa. De modo geral, estuda quais os elementos essenciais, como, quando e quanto eles podem interagir com o vegetal; o que limita sua disponibilidade e como corrigir deficiências e excessos. Cada nutriente é estudado profundamente para entender melhor as transformações, a mobilidade e a “disponibilidade” de cada um às plantas.
Dada a necessidade de se avaliar a fertilidade do solo sob uma visão holística e dinâmica, didaticamente tem-se empregado os termos “fertilidade natural”, “fertilidade potencial” e “fertilidade atual”, a fim de facilitar o entendimento desse conceito.
Nutrientes essenciais
Um vegetal não se desenvolve normalmente em um ambiente com ausência de nutrientes necessários para o seu crescimento. Os elementos minerais essenciais para as plantas são: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, ferro, manganês, zinco, cobre, molibdênio e níquel. Já os elementos não minerais essenciais, (elementos captados como gás ou água) são: hidrogênio, oxigênio e carbono.
Os nutrientes indispensáveis são absorvidos pelas plantas em quantidades específicas e necessárias para o seu desenvolvimento e podem ser divididos de acordo com a concentração relativa nos tecidos da planta em micro e macronutrientes. Os macronutrientes N, K, Ca, Mg, P, e S fazem parte de moléculas essenciais, são necessários em grandes quantidades e têm função estrutural.
Os micronutrientes Cl, Fe, B, Mn, Zn, Cu, e Mo fazem parte das enzimas e têm função reguladora, sendo necessários em quantidades menores. Esta divisão não significa que um nutriente seja mais importante do que outro, apenas que eles são necessários em quantidades e concentrações diferentes.
Tipos de fertilidade do solo
Fertilidade natural
A fertilidade natural corresponde à fertilidade do solo quando ainda não sofreu nenhum manejo, ou seja, não foi trabalhado e não sofreu recente interferência do ser humano.
Fertilidade atual
A fertilidade atual consiste na fertilidade do solo após receber práticas de manejo para satisfazer as necessidades das culturas; ela se refere à fertilidade de um solo já trabalhado. A fertilidade atual deve ser interpretada considerando-se as correções realizadas, como calagem e adubação fosfatada.
Fertilidade potencial
No caso da fertilidade potencial, evidencia-se a existência de algum elemento ou característica que impede o solo de mostrar sua real capacidade de ceder nutrientes. Assim, persistindo essas condições limitantes, a capacidade de ceder elementos estará obstruída, ainda que a fertilidade potencial seja alta.
Conceitos importantes
Alguns outros conceitos importantes em fertilidade do solo são:
Solo fértil: é aquele que contém todos os nutrientes em quantidades suficientes e balanceadas em formas assimiláveis; possui boas características físicas e microbiológicas e é livre de elementos tóxicos;
Solo produtivo: é um solo fértil situado em regiões com condições favoráveis (clima, declividade, pedregosidade e alta compactação).
Um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo, mas todo solo produtivo é um solo fértil. Alguns fatores como drenagem, insetos, doenças dentre outros, limitam a produção mesmo com fertilidade adequada.
Vale ressaltar que cerca de 70% dos solos cultivados no Brasil apresentam alguma limitação séria de fertilidade. Portanto, com a contribuição dos conhecimentos gerados pela pesquisa em fertilidade e pela agroecologia, solos aparentemente improdutivos podem se tornar grandes produtores de alimentos. A aplicação dos conhecimentos de fertilidade do solo pode conciliar a economicidade da atividade agrícola com a preservação do meio ambiente.
Fertilidade do solo e outras disciplinas
Para melhor compreensão dos fenômenos que ocorrem na área de fertilidade do solo, é necessário o conhecimento de gênese, morfologia, física e classificação de solos, além de conhecimentos básicos de química, biologia, estatística e fisiologia de plantas, principalmente nutrição e microbiologia do solo.
Fertilidade e produtividade do solo
Com o desenvolvimento de técnicas analíticas, o ser humano adquiriu facilidade e capacidade para entender sobre a disponibilidade dos nutrientes, o que lhe permitiu desvincular parcialmente a produção da planta da fertilidade do solo como único e verdadeiro índice da quantidade de nutrientes passíveis de serem absorvidos.
Para esclarecer a diferença entre produtividade e fertilidade, imagine um solo fértil que gere altas produções de algodão na época de verão, quando as temperaturas são elevadas, existe água suficiente e os dias são mais longos. Sem dúvida, no inverno sucederá o contrário e os rendimentos cairão substancialmente.
Qual o motivo desta queda de produção, uma vez que a fertilidade permanece adequada? Conclui-se que o uso de um solo fértil nem sempre implica na obtenção de alta produtividade, pois têm-se casos de solos férteis com impedimentos físicos, altos teores de argila, declividade pronunciada, alta pedregosidade e alta compactação.
O conceito sobre fertilidade do solo apresenta algumas limitações importantes em sua interpretação. Assim, a resposta em produção de uma planta pode ser diferente quando se aplicam doses crescentes de um nutriente em solos de diferente fertilidade. Da mesma forma, um solo fértil pode ser aproveitado de forma diferente por espécies de plantas distintas, uma vez que as plantas variam em sua capacidade de absorção e utilização de um mesmo nutriente.
Fertilizantes
Fertilizantes são compostos químicos utilizados na agricultura convencional para aumentar a quantidade de nutrientes essenciais do solo e, consequentemente, conseguir um ganho de produtividade. No entanto, eles vêm sendo associados a diversos impactos ambientais e à saúde humana.
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