PLANTIO DIRETO | Entenda o que é, saiba sua diferença em relação ao plantio convencional e quais os seus benefícios
Um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores é o manejo do solo. O impacto da produção é alto, o que exige grande rotatividade para o cultivo, a fim de evitar problemas como a falta de recursos hídricos e a redução da biodiversidade. No entanto, esses prejuízos também podem ser amenizados por meio do plantio direto (PD). Você sabe qual é a diferenças entre plantio direto e plantio convencional?
O PD é diferenciado porque reduz o efeito negativo das máquinas agrícolas e da própria agricultura, o que garante uma atividade mais sustentável. Ao mesmo tempo, o agricultor tem custos menores de produção — motivo pelo qual esse método já é utilizado em 32 milhões de hectares no Brasil, o que faz o país ter a maior área com PD em todo o mundo, segundo dados divulgados pelo Projeto Soja Brasil.
Devido a todos esses benefícios, selecionamos informações sobre os principais aspectos relacionados ao PD. Destacamos seu conceito, os prós e os contras, as culturas que se adaptam a essa técnica e como adotar esse sistema. Acompanhe!
O que é plantio direto?
Essa técnica — também conhecida como plantio na palha — começou a ser implementada em 1940 com Edward H. Faulkner, mas só passou a ser adotada no mundo após a 2ª Guerra Mundial. No Brasil, o PD surgiu em 1970 com agricultores paranaenses, que buscavam alternativas para acabar com um assunto recorrente na época: a desertificação do solo.
A promessa do PD era fazer a cobertura do solo para manter seus nutrientes, e foi exatamente isso que aconteceu por conta da palha. Esse item e os restos de vegetais de outras culturas foram mantidos na terra, o que evitou prejuízos decorrentes de processos danosos, como a erosão.
Diferentemente do procedimento tradicional, o solo só é manuseado no PD durante o plantio. O agricultor abre um sulco com uma semeadora especial e deposita os fertilizantes e as sementes. Depois disso, inexiste qualquer tipo de manipulação do terreno. A partir desse momento, o foco é o controle de ervas daninhas pelo manejo integrado de pragas, plantas infestantes e doenças.
Na prática, a aragem e a gradagem são eliminadas do processo produtivo. A palha permanece intacta sobre o solo antes e depois do cultivo. Ainda assim, é adotada a rotação de culturas para aumentar a produtividade. O resultado dessa prática é um equilíbrio maior da temperatura e o aumento da matéria orgânica na terra, bem como da disponibilidade de água e nutrientes.
O plantio direto se baseia em 3 pilares fundamentais;
- mínimo ou nenhum revolvimento do solo;
- permanência de uma cobertura morta sobre o solo;
- rotação de culturas.
Até que o sistema se consolide, é necessário manter um aprimoramento constante. Muitas regiões usam apenas o princípio da palhada ao aplicar o plantio direto, e assim não obtêm todo o seu potencial. É importante adotar o sistema de modo completo para melhorar o manejo de pragas, doenças e controle de daninhas.
É importante destacar que ainda existe o plantio semidireto. Nesse caso, a semeadura é feita sobre a superfície com um equipamento especial, fazendo com que haja menos resíduos no solo.
Quais são as diferenças entre plantio direto e plantio convencional?
Existem grandes diferenças no manejo do solo entre plantio direto e plantio convencional, mas a principal delas é o revolvimento da terra. No sistema convencional, o solo é exposto até que a cultura seja plantada.
Veja um passo a passo do que ocorre em cada método e entenda as diferenças.
Plantio convencional
Etapa 1: arados escarificadores ou grades pesadas são utilizados no preparo do solo para afrouxá-lo. Dessa forma, ele fica em condições de receber corretivos e fertilizantes, retirar plantas daninhas e descompactar a camada mais superficial. A parte tratada geralmente tem uma profundidade de até 15 ou 20 cm.
Etapa 2: em um segundo momento, o solo passa um processo de destorroamento e nivelamento da parte arada por meio da gradagem. Isso é normalmente feito com grades leves em duas passadas.
Etapa 3: entramos na etapa da semeadura, que pode ser feita no método manual ou por meio de semeadeiras. A operação de adubação pode ser feita de modo simultâneo — semeadeiras-adubadoras.
Etapa 4: passada a etapa do plantio, as culturas podem ser tratadas.
Esse preparo convencional do solo consiste basicamente no revolvimento do solo em suas camadas superficiais com os seguintes objetivos básicos:
- reduzir a compactação;
- incorporar corretivos e fertilizantes;
- aumentar a porosidade do solo para melhorar a permeabilidade;
- provocar o corte e o enterrio das plantas daninhas;
Por outro lado, essas mesmas ações acabam por dispersar argilas que contêm nutrientes necessários para a planta. Essas substâncias são levadas pelo vento e pelas chuvas, além de deixar o solo exposto a agentes erosivos.
Plantio direto
Etapa 1: eliminam-se as camadas compactadas do solo, antes de implantar o sistema.
Etapa 2: logo após, é preciso nivelar o terreno com sulcos ou valetas. A ideia é deixar a área o mais homogênea possível.
Etapa 3: este passo consiste na correção com base nas necessidades do solo. Se for necessário, é importante entrar com aplicação de calcário. Quanto mais profundo ele for incorporado, melhor.
Etapa 4: é importante controlar o crescimento de daninhas antes de iniciar o plantio direto.
Etapa 5: colhem-se e espalham-se restos de culturas. Pode-se usar um picador de palhas.
Etapa 6: herbicidas são pulverizados no solo;
Etapa 7: nesta última etapa, é feito o plantio. As máquinas abrem sulcos e depositam sementes e fertilizantes em quantidades adequadas. Após isso, basta fechar o sulco.
Como você percebeu, o plantio direto, dispensa etapas de preparo convencional de aração e gradagem. Além disso, o solo sempre estará coberto por restos vegetais de outras culturas, que protegem e nutrem a terra. Por isso, ele é considerado um sistema conservacionista.
Existem prós e contras para o plantio direto?
O sistema de preparo convencional usa o arado para revolver a camada arável do solo. Por isso, é indicado quando é preciso corrigir algumas características do solo. Já o PD apresenta diversos benefícios e alguns pontos de cuidado.
Prós
O plantio na palha tem vantagens bem evidentes, como:
- controle da erosão;
- elevação da matéria orgânica disponível no solo;
- melhoria da estrutura do terreno;
- redução da perda de água da terra;
- equilíbrio na temperatura do solo;
- aumento da atividade biológica;
- redução das operações com maquinários;
- mais controle na época da semeadura;
- sequestro de carbono no solo, o que evita a liberação excessiva desse gás para a atmosfera.
Essas vantagens são conquistadas porque o solo é mantido sem revolvimento, o que garante um nível menor de oxidação da matéria orgânica. Isso significa que o solo fica mais livre de contaminações e preserva seus nutrientes. A palha e os restos de materiais também isolam a superfície, o que evita oscilações altas de temperatura durante o dia.
Acontece uma redução em relação ao uso de maquinário porque não há tantas preparações do solo. Com isso, há menor consumo de combustível e desgaste dos equipamentos. Outro benefício direto gerado pelo PD é a flexibilidade, já que o plantio pode ocorrer logo depois da colheita — se você colhe o milho hoje e consegue plantar a soja na mesma semana, por exemplo. Em métodos tradicionais, é preciso esperar pelo menos 3 meses.
É importante destacar que dados da Embrapa, divulgados pelo Projeto Soja Brasil, apontam que a produtividade aumenta 30% com o PD se comparada aos métodos tradicionais. Em safras que sofrem seca, a produção pode chegar ao dobro.
Contras
As desvantagens do PD são a necessidade de ter um conhecimento técnico maior, o controle de ervas daninhas e problemas na compactação do solo. Também podemos citar:
- maior incidência de pragas;
- consequente aumento no uso de defensivos;
- dificuldade de germinação de sementes em épocas úmidas;
- menor adaptação de maquinário.
Para evitar esses pontos negativos, o ideal é eliminar todas as pragas e atentar-se para possíveis correções do solo.
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