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PECUÁRIA DE CORTE | Saiba todas as fases que envolvem o processo de produção e suas características!

Para entender as fases da bovinocultura de corte, é preciso compreender o panorama da pecuária no Brasil. Ao longo dos últimos anos, o setor do agronegócio vem chamando a atenção e roubando a cena no cenário nacional e internacional, despontando como a atividade responsável por alavancar a economia nacional.

O setor abrange diversas atividades, como hortifrutigranjeira, piscicultura, fruticultura, produção de grãos e uma série de outras frentes produtoras e a pecuária. Nessa última destacam-se a pecuária leiteira e a produção de carne, principalmente bovina.

O início da exploração da pecuária brasileira se confunde com o período de colonização, os primeiros bovinos chegaram ao Brasil já nas primeiras navegações pós Cabral. Por isso, foi fundamental para o processo de interiorização sendo a principal fonte de proteína para os exploradores e servindo também como meio de transporte em épocas de difícil deslocamento.

Já em tempos mais recentes a abundância de terras inexploradas e sem grandes produções, a atividade passou por um grande processo de expansão. Logo, grandes propriedades foram formadas para a produção de gado, na grande maioria das vezes, de forma extensiva.

Neste processo destaca-se a importância da participação do gado zebuíno, importado principalmente da índia. O gado zebuíno, por suas características, se mostrou extremamente adaptado ao nosso clima e ainda hoje representa a maior parte do rebanho brasileiro.

Pressões mercadológicas e as fases da bovinocultura de corte

Como citado acima, no início das atividades era possível a utilização de grandes propriedades. A baixa concorrência proporcionava aos criadores grandes margens de lucratividade.

Estima-se que à alguns anos, 30 a 50 anos atrás, as margens de lucratividade na pecuária de corte giravam em torno de 50 a 70%, por esse motivo era possível a produção de carne de maneira mais extensiva, sem muita inclusão de tecnologia e com baixo desfrute. Logo, não era incomum encontrar animais sendo abatidos com 6, 7 anos de idade e mesmo assim a atividade se mostrava um negócio altamente rentável.

Com o avanço da agricultura, principalmente pelo centro-oeste do Brasil, pela cobrança do mercado por produtos cárneos de melhor qualidade e mais padronizados, juntamente com a pressão da sociedade por uma produção ambientalmente mais justa, a pecuária se viu obrigada a intensificar suas atividades.

Para o processo de intensificação da cadeia produtiva da carne, é necessária a maior utilização de tecnologias, em todos os níveis de produção. Permitindo assim uma maior produtividade, em um menor espaço de tempo, utilizando também de menores faixas de terras.

Em suma, intensificar significa produzir na mesma propriedade mais carne com mais qualidade e em menos tempo.

Fases da bovinocultura de corte

A pecuária de corte é dividida basicamente em três fases, sendo cria, recria e engorda.

Quando uma propriedade exerce e produz as três fases denominamos de ciclo completo. Cada uma dessas fases tem um perfil produtivo e um produto final, sendo respectivamente bezerro, boi magro e boi gordo.

O processo de intensificação pode ocorrer em cada uma dessas fases proporcionando assim maiores rendimentos produtivos e melhores rentabilidades em cada uma delas, isoladamente ou como num todo.

Fase de cria

A cria é a fase do sistema onde utilizamos as fêmeas (matrizes) com intuito de produzir bezerros para o mercado.

Nessa fase do sistema temos alguns pontos de atenção importantes, como a necessidade de mão de obra qualificada. Além da mão de obra especializada para trabalhar com a reprodução das matrizes (inseminação, diagnóstico de gestação dentre outras atividades) os funcionários que lidam no dia-dia com o gado devem estar bem preparados e atentos para as demandas na época de nascimento dos bezerros.

Outros fatores importantes de atenção inerentes a fase de cria são:

  • Resultado baseado em variáveis biológicas;
  • Taxa de lotação;
  • Comercialização de descartes e ajuste de lotação;
  • Menor flexibilidade e maior sensibilidade ao ciclo da pecuária.

Um exemplo claro de avanço tecnológico nos últimos anos nessa fase é a IATF (inseminação artificial em tempo fixo), o que permitiu concentrar os nascimentos na época mais adequada do ano, obter bezerros de melhor qualidade, entre outros benefícios.

Os produtos da fase de cria são bezerros para o mercado, adquiridos principalmente por recriadores. Bezerras excedentes que serão utilizadas por outros plantéis de cria ou por recriadores e por fim vacas de descarte que normalmente não produziram bezerros e serão utilizadas para o abate.

Fase de recria

Após a desmama dos bezerros, que ocorre normalmente entre 6 a 8 @, esses bezerros de aproximadamente 7-8 meses entram na fase denominada de recria.

A fase de recria, que abrange a fase do animal desmamado até o momento da engorda, apresenta também pontos de atenção que devem ser levados em consideração.

Como produto teremos o boi magro, que é entendido como o animal que cresceu em tamanho e estrutura corporal, mas que ainda não se encontra pronto para o abate. Assim, os principais pontos de atenção para essa fase são:

Ágio: bezerro x boi magro; O ágio do bezerro é considerado nos dias de hoje uma das mais importantes variáveis dentro do sistema de produção. A arroba do bezerro é, em valores absolutos, mais cara do que a arroba do boi magro ou do boi gordo, essa diferença chamamos de ágio, o que exige atenção dos recriadores. É importante uma boa estratégia para se diluir esse ágio no processo de recria. Na produção do boi magro o recriador deve incluir o “custo com o ágio” nos custos de produção, podendo assim garantir que seu negócio terá condições de comprar a reposição em um novo ciclo;

Pouca flexibilidade comercial;

Demanda crescente: confinamento e Integração Lavoura Pecuária (ILP). Sistemas mais intensivos que utilizam de ferramentas como confinamento e ILP. Logo fazem aumentar a demanda pelo produto da fase de recria, boi magro.

  • Sensibilidade a compra e venda;
  • Maior liquidez;
  • Maior produção de @/hectare;
  • Maior taxa de desfrute;
  • Preço de reposição;
  • Taxa de lotação.
  • Fase de engorda

Após atingirem o peso desejado e se tornarem boi magro (normalmente com peso em torno de 14@), os animais saem da recria e entram na fase onde passarão por um processo de aumento de peso, principalmente pela deposição de gordura.

A fase de engorda é uma fase que demanda maior necessidade de pastagens mais nobres e suplementação por grãos. É a fase onde temos que colocar gordura na carcaça para obtermos o produto boi gordo. Devemos estar atentos aos seguintes fatores:

  • Ciclo curto, maior giro de capital;
  • Elevado custo nutricional;
  • Resultado diretamente ligado ao fator genético.

Por questões fisiológicas a deposição de gordura, demanda de alta quantidade de energia por parte dos animais, isso implica em maiores custos e consequentemente exige muita atenção.

Ciclo completo

O proprietário que opta pela adoção da produção no sistema ciclo completo, além de se atentar a todos os fatores já citados ainda deve se atentar à:

  • Alta complexidade de manejo;
  • Tendência em propriedades de maior porte;
  • Setorização da propriedade;
  • Menor dependência de mercado.

De forma sucinta, essas são as fases da bovinocultura de corte. Outros aspectos e frentes de negócio ainda completam a cadeia produtiva da carne, como os frigoríficos, as lavouras de alimentos, indústrias farmacêuticas dentre outros.

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