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PANCS - Plantas Alimenticias Não Convencionais | Aprenda a importância destas plantas para a alimentação e saúde humana!

Plantas alimentícias não convencionais, mais conhecidas como PANCs, apresentam a rusticidade como principal característica. Elas possuem uma ou mais partes ou porções que podem ter consumo na alimentação humana, sendo elas exóticas, nativas, silvestres, espontâneas ou cultivadas.

Ao incorporar as PANCs na alimentação, quer isoladas ou mescladas com outros ingredientes, amplia-se a possibilidade de complementação alimentar, diversificação dos cardápios e da oferta de nutrientes. Além disso, incorporar as PANCs nas refeições diárias é também uma forma de valorização dos ingredientes locais, regionais e naturais.

O que são as PANCs?

Quando falamos em PANCs, referimo-nos às milhares de espécies vegetais já conhecemos, mas que não fazem parte da nossa alimentação diária. Dessa forma, as PANCs são plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, sejam elas nativas ou exóticas.

O termo PANC foi criado no Brasil pelo professor e biólogo Valdely Ferreira Kinupp, em 2008. Internacionalmente essas plantas recebem nomes como: Espécies Negligenciadas e Subutilizadas (Neglected and Underutilized Species – NUS) e Planta Selvagem Comestível (Edible Wild Plants – EWP).

Nesse sentido, as plantas alimentícias conhecidas como não convencionais surgem com o objetivo de diversificação das espécies vegetais consumidas no cotidiano.

Portanto, para se ter uma ideia, a dieta alimentar do brasileiro tem como principais plantas o feijão, o arroz, o tomate, a alface, entre poucas outras opções. Além disso, a maioria desses vegetais são de origem estrangeira. De fato, com exceção da mandioca, são poucos os alimentos nacionais presentes diariamente em nossas refeições.

Assim, estima-se que sejam conhecidas aproximadamente 400 mil espécies de plantas. No entanto, cerca de 300 espécies são utilizadas pelo homem para alimentação e outros fins, como produção de medicamentos, tecidos, biocombustíveis entre outros. Sendo que, plantas como arroz, trigo, milho, soja, beterraba, feijão, amendoim, batata, mandioca, coco e banana representam grande parte da alimentação do mundo.

PANCs podem diversificar a alimentação

Algumas PANCs chegam a fazer parte da cultura, identidade e práticas agrícolas de pequenas comunidades no Brasil. Principalmente devido às suas características de serem cultivadas pela agricultura familiar, limitando a expansão dessas culturas.

Dessa forma, as PANCs não fazem parte de um sistema de cultivo comercial em larga escala e dificilmente fazem parte de uma cadeia produtiva organizada, fragmentando o conhecimento sobre essas plantas.

Assim, tal restringimento ainda dificulta os estudos dessas espécies, resultando em poucas informações sobre formas de uso, cultivo e disponibilidade dessas plantas. A fim de resgatar esses alimentos e diversificar a alimentação, diversos órgãos públicos e privados, assim como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), tem buscado realizar levantamentos de espécies que possam ser incorporadas na dieta alimentar.

Além disso, a Embrapa hortaliça possui uma iniciativa que resgata, preserva e identifica plantas não convencionais cultivadas por agricultores tradicionais de diferentes regiões. Nesse sentido, o projeto mantém uma rede comunitária que também disponibiliza mudas e sementes para quem se interessa em cultivar uma PANC.

Cerca de 300 espécies já foram catalogadas como planta alimentícia e pelo menos 50 dessas plantas já possuem informações técnicas de cultivo e fazem parte desse trabalho de hortas locais de multiplicação e promoção de cultivo. Como por exemplo Amaranto, Capuchinha, Chuchu-de-vento, Fisális, Mangarito, Vinagreira, Taioba, Caruru, Jambu, Ora-pro-nóbis, Peixinho e as PANCS abaixo ilustradas:

O primeiro Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencionais aconteceu em Brasília, em junho de 2017, na sede da Embrapa Hortaliças e foi de grande importância para o compartilhamento de conhecimento sobre plantas, que em alguns casos estavam entrando no esquecimento.

No entanto, existem casos, em que uma planta não convencional pode fazer parte recorrente de pratos tradicionais a ponto de ser regionalmente consideradas convencionais, como é o caso do jambu, um ingrediente indispensável em pratos típicos para os paraenses. Além deles,  o pato no tucupi, o tacacá e a maniçoba.

Por isso, cultivar PANCs também é uma forma de resgatar ou até mesmo conhecer a história e a cultura de uma região.

PANCs do cultivo aos benefícios

As plantas alimentícias não convencionais podem ser tão nutritivas quanto as que já consumimos diariamente.

Geralmente, são plantas rústicas, propagadas por mudas ou sementes, pouco afetadas por pragas e doenças, bem adaptadas ao clima de sua região, apresentam eficiência na absorção de nutrientes. Essas características, portanto, as colocam como hortaliças de fácil cultivo.

No entanto, para cultivo comercial recomenda-se efetuar os tratos culturais básicos, como: irrigação adequada, manejo de plantas espontâneas, adubação com nitrogênio, potássio e matéria orgânica, quando necessário, realizar podas.

É comum encontrar PANCs dentro de casa como plantas ornamentais. Existem pessoas, por exemplo, que mantêm cercas vivas de ora-pro-nóbis e não sabem que na verdade ela é uma planta comestível.

Mas, caso queira cultivar e consumir uma PANC, é importante realizar a identificação correta através de seus nomes científicos. Ponto de partida para estudar as características, usos culinários, formas de preparo, entre outros.

Pesquisadores da Embrapa tem destacado que muitas hortaliças não convencionais apresentam relevante teor de proteína de boa digestibilidade, como o caruru e o ora-pro-nóbis, que inclusive tem feito parte de estudos para o desenvolvimento de complemento nutricional funcional a partir de suas folhas.

Outra PANC destacada pela Embrapa são as folhas, flores e frutos da capuchinha que podem apresentar altos teores de carotenoides e vitamina C.

Nesse sentido, a nutricionista Sueli Longo traz outras características nutricionais de algumas plantas alimentícias não convencionais e que podem ser uma ótima opção para diversificar a sua refeição:

“Mais conhecida como Fisális, Goldenberry, capota, camapu entre outros nomes, a Physalis pubescens L., é uma planta nativa por muitas vezes considerada como erva daninha, possui distribuição quase que irrestrita em todo o Brasil. O fruto maduro é uma baga globosa de coloração alaranjada, com sabor doce, levemente ácida.”

Esse alimento, apresenta baixo valor calórico (±52kcal/100g) e boa quantidade de fibra alimentar, com predomínio da fibra insolúvel. Destaca-se pelo conteúdo de carotenoides e compostos fenólicos. Utilizada para produção de sucos e geleias.

A amêndoa de baru também gera produtos como a farinha utilizada em preparações como bolos, farofa e o óleo de baru.

Por fim, o Taiobá (Xanthosoma taioba), do qual tanto as folhas como os rizomas são utilizados exclusivamente cozidos, a fim de eliminar oxalato de cálcio. Branqueamento é recomendável. Os nutrientes em destaque nas folhas de taioba são fibra alimentar, cálcio e carotenoides.

Promova as plantas não convencionais

As PANCs têm se mostrado como uma alternativa sustentável de biodiversidade e segurança alimentar, atendendo a demanda por alimentos diversos que supram às necessidades nutricionais.

Buscar por essas plantas alimentícias não convencionais também impulsiona o cultivo dessas hortaliças por agricultores familiares e produtores urbanos, proporcionando um desenvolvimento social local.



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