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AGROECOLOGIA | Saiba o que é, e qual a sua importância na relação entre agricultura e sustentabilidade

Agroecologia é uma forma de agricultura sustentável que retoma as concepções agronômicas anteriores à chamada Revolução Verde. São chamadas de agroecologia as práticas de agricultura que incorporam as questões sociais, políticas, culturais, energéticas, ambientais e éticas, incluindo a agricultura familiar.

O que é agroecologia?

Agroecologia é um conceito que foi desenvolvido pelo pesquisador Howard, em 1934. Em 1950, entretanto, o termo “agroecologia” foi apropriado pelo pesquisador Lysenko e passou a ser utilizado em cursos de agronomia até 1964, quando, então, com o acordo MEC-Usaid, passou a ser abolido do ensino.

Nesse período da década de 1960 até 1980, com as reivindicações por práticas de agricultura sustentável, o termo agroecologia passou a ser utilizado para representar a agricultura que incorpora as dimensões sociais, culturais, éticas e ambientais, como fazia a agronomia antes do acordo MEC-Usaid, de acordo com o professor e engenheiro agrônomo Carlos Pinheiro Machado, em seu livro “Dialética da Agroecologia“.

A agroecologia é uma forma de conhecimento que pretende superar os danos causados à biodiversidade e à sociedade como um todo pela prática da monocultura, do emprego dos transgênicos, dos fertilizantes industriais e dos agrotóxicos, sendo uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. 

e agroecologia pressupõem a prática da agricultura orgânica e o emprego de tecnologias limpas, gerando menos externalidades ambientais negativas.

O conceito de agroecologia pode ser entendido como a remediação inadiável ao agravamento das condições ambientais, sociais e políticas causadas pela forma de desenvolvimento econômico vigente. A proposta da agroecologia é uma revisão dos métodos convencionais de manejo da terra em grande escala.

De acordo com pesquisas citadas no livro “Dialética da Agroecologia“, a produção agroecológica tem capacidade para produzir cerca de 6% a 10% a mais do que o agronegócio, sendo mais limpa e barata. Entretanto, mesmo sendo mais produtiva, a agroecologia refere-se ao estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecológica, tendo como objetivo não só maximizar a produção, mas otimizar o agroecossistema total — incluindo seus componentes socioculturais, econômicos, técnicos e ecológicos.

Agrega a ciência e conhecimento tradicional

O termo “agroecologia” pode ser entendido como uma disciplina científica, uma prática agrícola ou como um movimento social e político. Nesse sentido, a agroecologia não existe isoladamente, mas é uma ecologia dos saberes composta tanto por conhecimentos científicos quanto saberes populares e tradicionais provenientes de experiências de agricultores familiares de comunidades indígenas e camponesas.

Dessa forma, a agroecologia tem como base a sistematização e consolidação de saberes e práticas (empíricos tradicionais ou científicos), visando à agricultura ambientalmente sustentável, economicamente eficiente e socialmente justa.

Apelo à biodiversidade

A proposta da agroecologia faz contraposição a produção centrada na monocultura, na dependência de insumos químicos e na alta mecanização da agricultura, além da concentração da propriedade de terras produtivas, a exploração do trabalhador rural e o consumo não local da produção.

A homogeneização das paisagens de cultivo gerada pela prática da monocultura colocou em risco a biodiversidade, gerando uma crise não somente na diversidade biológica, mas também, e como consequência dessa, no próprio desenvolvimento da sociedade.

Enquanto a agricultura industrial tem limitado a diversidade de espécies alimentares disponíveis, a produção agroecológica conta com sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.

A diversidade biológica causa impacto social, econômico e ambiental positivos. A pŕatica da agroecologia aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo, tornando a  alimentação também mais nutritiva; além de auxiliar na manutenção dos ciclos biológicos, uma vez que viabiliza culturas de diferentes de espécies de plantas.

A agroecologia ainda fortalece a soberania e a segurança alimentar, já que, enquanto alguma variedade de alimento estiver em risco, outras podem se manter resistentes e sobreviver. Outro benefício é a valorização de alimentos nativos de cada região, o que possibilita a competitividade econômica para o país em questão, não se limitando à exportação de commodities, como soja, milho e algodão.

Vantagens para saúde e meio ambiente

A agroecologia fornece diversas vantagens para a saúde e o meio ambiente. Ela vê a natureza como aliada, respeitando os processos naturais do ecossistema e dependendo menos de combustíveis fósseis. Além de oferecer uma variedade de nutrientes, há menos exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos nocivos e utilizados na agricultura convencional.

A segurança alimentar também é impactada pela agroecologia. A agricultura de produção orgânica e agroecológica é capaz de alimentar as pessoas no Brasil e no mundo de forma saudável, sustentável e segura. A maior produção agroecológica no País, por exemplo, produz cerca de 70% da comida dos brasileiros. Entretanto, há carência de um plano governamental que envolva um sistema de produção, distribuição, comercialização e consumo desses alimentos, funcionando de forma justa para garantir alimentação adequada para toda a população.

Desafios da agroecologia

As técnicas de manejo da monocultura já são amplamente adotadas. Nesse sentido, é preciso haver a transição agroecológica nos solos degradados pela prática de agricultura convencional.

Entretanto, para que a agroecologia se estabeleça enquanto prática de manejo convencional do solo, é preciso haver consciência pública; organização; mercados; infraestrutura; mudanças no ensino; pesquisa e extensão rural; distribuição de recursos e iniciativa política.

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