PRODUÇÃO DE TILAPIA | Saiba como funciona o processo de criação e as principais dicas para auxiliar o produtor.
A tilapicultura vem se destacando no mercado e já representa 51% da produção total da piscicultura nacional. Mas, antes mesmo de se tentar entender como criar tilápia, é importante valorizar os avanços no melhoramento genético, nutrição de precisão e o controle mais rígido de enfermidades. Essa combinação de fatores fez com que fosse possível ao Brasil destacar-se no cenário internacional, ocupando a quarta posição na produção de tilápias.
Entre 2005 e 2015, a tilapicultura cresceu 223% no país. Todo esse sucesso se deve às características das linhagens com melhoramento genético, que permitem um peixe de desenvolvimento rápido, fácil reprodução, excelente qualidade de carne (se comparado aos outros pescados) e boa adaptação em relação às adversidades dos variados sistemas de produção existentes.
Como funciona a
criação de tilápias?
Diferentemente de outras espécies animais, nas quais as fases de criação são divididas em períodos, na tilapicultura, considera-se o peso do animal. Por isso, o controle e a biometria devem ser realizados semanalmente, sendo estimado o peso médio que determina o ajuste no manejo alimentar e na nutrição das tilápias.
Durante a pesagem, devem ser tomados alguns cuidados para que os peixes não sofram com o estresse decorrente da manipulação excessiva. Afinal, isso pode afetar o desempenho ou, ainda, aumentar a mortalidade.
As fases de criação, por sua vez, são definidas pela alevinagem — período no qual acontece a reversão sexual, o que geralmente é feito por empresas especializadas e passa pela recria e engorda.
Os criadores de tilápia adquirem os alevinos de empresas especializadas com o peso desde 0,5 g a 10,0 g. E ou Juvenis de 10 a 50 g. Entre a Fase de Recria e Engorda, que pode durar de 4 a 8 meses, dependendo da partida do tamanho do alevino ou juvenil e o clima, ) as tilápias são abatidas com o peso entre 700g a 1kg, obtendo-se um ganho médio diário de peso de 4 a 5g.
Os manejos no período de recria e engorda são determinantes para o sucesso da produção. Por isso, os produtores devem estar atentos a fatores como:
- qualidade da água, como o nível de oxigênio dissolvido;
- pH, (que deve ser neutro,) com valor entre 7 e 8;
- amônia(,que pode ser formada em consequência de pH elevado e intoxicar os) versus pH e Temperatura pode ser tóxica aos peixes;
- temperatura, que deve estar adequada à fase produtiva;
- salinidade da água.
Acontece que, apesar de as tilápias apresentarem maior tolerância às mudanças bruscas na qualidade da água (o que permite menor mortalidade em relação aos outros peixes), o desempenho produtivo pode ser afetado.
Confira, a seguir,
dicas essenciais sobre como criar tilápia
1. Saiba qual é o
melhor sistema
Existem vários sistemas de criação de peixes: extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo. Eles se diferenciam principalmente pelo objetivo de criação do piscicultor. No caso das tilápias, o sistema superintensivo tem se destacado na atualidade, com as opções de produção em tanques-rede, escavada e raceways, que necessitam de maior grau tecnológico dos produtores.
Em sistemas superintensivos, a utilização de rações balanceadas, o monitoramento da qualidade da água, aeradores e as práticas de adubação e calagem são alguns dos recursos que permitem o maior adensamento de peixes. Tudo isso sem que se afetem o desempenho e a qualidade do produto final.
2. Faça um bom manejo
alimentar de tilápias
Com relação ao manejo alimentar, é recomendável que seja fornecida a quantidade de ração recomendada pelo fabricante e o técnico da criação, tendo um Guia de Alimentação, que orienta as quantidades de rações diárias e sua frequência, conforme as fases de cultivos, a temperatura e os demais parâmetros de qualidade de água.
As rações na tilapicultura apresentam entre 28% e 55% de proteína bruta, sendo uma das mais usuais a 32% de proteína bruta A expectativa de conversão alimentar é de 1,4 a 1,8 em condições ideais de temperatura .(24 a 30ºC).
Além dos valores de proteína bruta, é importante o valor de proteína e energia digestíveis, considerando o correto balanço entre os demais nutrientes da dieta, como aminoácidos, ácidos graxos, carboidratos, minerais, vitaminas e fibras. Por isso, um ponto a ser observado para a alimentação da tilápia é a temperatura da água e principalmente o oxigênio somada à densidade, espécie e biomassa do tanque.
3. Utilize apenas a
ração indicada para produção de tilápia
A ração extrusada é a mais indicada para a produção de tilápia, uma vez que o processamento em alta temperatura, pressão e umidade possibilita o maior aproveitamento dos nutrientes pelos peixes , pela melhora na digestibilidade da ração.
Ademais, o processamento de extrusão facilita o manejo alimentar, devido à maior estabilidade da ração na superfície da água. Tendo em vista o hábito alimentar das tilápias, o alimento deve permanecer na superfície da água, evitando desperdícios que oneram a produção ao gerar acúmulo de resíduos no tanque.
4. Ao escolher a
composição do alimento, avalie as particularidades do sistema de produção
As rações produzidas para as tilápias devem atender às exigências de manutenção e produção dos peixes. Sendo assim, deve-se considerar as particularidades desse sistema, como o tipo de método de criação, temperatura, o nível de oxigênio da água e a fase de criação. Esses são pontos que vão influenciar a determinação da exigência da composição do alimento.
O objetivo deve ser oferecer uma ração que apresente níveis exatos de energia, proteína e aminoácidos digestíveis, além de vitaminas, minerais e aditivos. Esse cuidado permite um bom desempenho na criação de tilápias e na redução da poluição das águas, causada pelo excesso de nutrientes não aproveitados.
5. Seja proativo para
minimizar a taxa de mortalidade na tilapicultura
Na criação de tilápias, a taxa de mortalidade varia de 5% a 10%. Essa oscilação está relacionada a questões como manejo da criação, sanidade do plantel e sobretudo questões ligadas com a qualidade de água.
No entanto, alguns cuidados básicos podem minimizá-la. São eles: uso de telas protetoras para pássaros; monitoramento da qualidade de água; manejo da alimentação; manejo sanitário, controlando a presença de parasitas e enfermidades.
6. Respeite as normas
da criação de tilápias
Para os produtores que optarem pela criação de peixes em tanque-rede em águas da União, é necessário seguir as normas estabelecidas pela legislação. Elas consistem em:
- obtenção do Registro de Aquicultor no Ministério de Agricultura;
- licenciamento na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema);
- autorização de uso da água pela Gerência Regional de Patrimônio da União (GRPU).
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