Os defensivos naturais estão sendo cada vez mais utilizados, seja pela sustentabilidade ambiental ou para um manejo mais eficiente e econômico.
Às vezes não conhecemos bem esses produtos, nem ao certo como utilizá-los. Mas a verdade é que não existe uma receita de bolo para isso.
Se bem planejado, os defensivos naturais na agricultura podem te ajudar a diminuir seus custos na produção agrícola e o manejo ser mais eficiente, especialmente em longo prazo.
O que são os defensivos naturais?
Sobretudo, existe uma classificação entre esses produtos que os diferencia a partir de seu “princípio ativo”. É muito comum, que se confunda qualquer biodefensivo como controle biológico de pragas.
Porém, considera-se o controle biológico os produtos utilizados a base de microbiológicos como bactérias, fungos e vírus e macrobiológicos como parasitóides e predadores.
Mas é inegável a importância dos produtos de controle biológico dentro da classificação dos defensivos naturais. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio) de 2017, existem no mercado registrados 102 produtos, sendo 92 inseticidas naturais, 9 fungicidas e 1 nematicida.
Os demais defensivos naturais também podem ser substâncias sintetizadas em organismos, como os bioquímicos e semioquímicos.
Os produtos bioquímicos são a base de extratos vegetais, enquanto que os produtos à base de feromônios e aleloquímicos, são classificados como semioquímicos.
Esses nomes podem parecer complicados, mas na verdade as substâncias têm usos simples na natureza. Os semioquímicos são todas as substâncias químicas utilizadas na comunicação entre seres vivos.
Os semioquímicos específicos de uma mesma espécie são chamados de feromônios, enquanto que aqueles que entre espécies diferentes são os aleloquímicos.
O mais incrível é que podemos utilizar essas substâncias que ocorrem naturalmente para o manejo das lavouras. Além disso, alguns produtos à base de fontes minerais são considerados defensivos naturais.
Existe ainda a possibilidade de realizar a mistura de alguns microrganismos (fungos e bactérias) em conjunto com produtos fitossanitários químicos, e as empresas têm investido cada vez mais nesse tipo de pesquisa. Desse modo, o efeito dos dois tipos de defensivos não é afetado, possibilitando a integração dos defensivos naturais ao sistemas de manejo.
Principais defensivos naturais para controle biológico
Trichoderma spp.
É um fungo que através de parasitismo, antibiose e antagonismo, realiza a eliminação de fitopatógenos de solo como Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotinia (mofo branco), Verticillium, Alternaria, Roselinea, entre outros.
Bauveria bassiana
É um fungo que parasita mais de 200 espécies de artrópodes como a mosca branca, ácaros, incluindo carrapatos.
Através, do contato direto entre o fungo e o alvo, o fungo germina na superfície do inseto, penetrando no tegumento e colonizando internamente liberando toxinas levando os insetos a morte.
Metarhizium anisopliae
É um fungo em que os esporos entram em contato com o inseto, penetram na sua cutícula colonizando os órgãos internos do hospedeiro, que para de se alimentar e morre.
Este processo ocorre entre 2 a 7 dias após a aplicação, dependendo das condições climáticas.
Sua utilização é consolidada no controle de cigarrinha das pastagens, mas também, em larva alfinete ou coró em culturas como o milho e outras.
Bacillus subtilis
É uma bactéria que promove o crescimento de plantas, atuando de forma preventiva e curativa.
Essa bactéria interfere na aderência do patógeno (fungo ou bactéria) na planta e no seu desenvolvimento posterior.
Ela também produz substâncias que atuam nas membranas e estruturas reprodutivas de fungos, prejudicando o seu desenvolvimento sobre a cultura.
Existem também trabalhos sobre sua contribuição em promover o aumento da nodulação de raízes.
Estudos ainda confirmam sua ação em nematóide dos cistos (Heterodera glycines) na cultura da soja, reduzindo a eclosão de ovos e inibindo a migração de larvas dos nematóides para a planta.
Igualmente, em feijoeiro foi observado eficaz controle de nematóide, até mesmo comparado a produtos como carbofurano, veja o estudo aqui.
Bacillus thuringiensis
Bactéria que auxilia principalmente no controle de lagartas ao ser ingerida pelo inseto.
É muito conhecida pelas culturas Bt, onde os genes que produzem as proteínas tóxicas às lagartas são incorporadas às plantas de soja, algodão ou milho.
Também existe o bioinseticida a base de Bacillus thuringiensis, mas não devemos utilizar culturas Bt e inseticidas também Bt, já que são dois métodos de controle com a mesma tecnologia.
Isso porque, desse modo, a pressão de seleção de indivíduos resistentes a Bt aumenta muito.
Além de, produtos comerciais registrados de alta qualidade no mercado, a Embrapa tem promovido formações de capacitações para a produção on farm de qualidade.
Como inserir os defensivos naturais na sua propriedade e projetar redução de custos
Alguns defensivos naturais podem atingir muitos alvos biológicos, como o pulgões, vaquinhas e também podem se manter naturalmente no sistema, sendo diminuída a necessidade de aplicações ao longo do tempo.
Os controladores biológicos como Trichoderma spp. e alguns Bacillus spp são exemplos desses defensivos naturais.
No entanto, você só saberá se a praga e esses inimigos naturais estão em populações adequadas na sua lavoura pelo monitoramento, uma das bases do MIP.
Você pode ver mais sobre monitoramento e MIP (Manejo Integrado de Pragas) neste artigo aqui.
Além do MIP, você precisa estar atento ao seus custos agrícolas para verificar a efetividade e economia que os defensivos naturais podem trazer.
Faça o orçamento de todos os seus insumos antes da safra começar, e vá registrando os gastos realizados durante a safra.
Assim você saberá se seu planejamento foi adequado e terá maior controle sobre suas contas.
Comparando manejos diferentes, como uso somente de defensivos agrícolas químicos, e o manejo com o uso também dos defensivos naturais, você poderá saber qual foi o mais econômico.
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