REFORMA AGRÁRIA: O que é, e qual a importância dela para todo o sistema agrícola que temos hoje em dia em nossa sociedade.
O conceito de reforma agrária diz respeito à realização de
redistribuição fundiária (agrária ou de terras) com o objetivo de maior justiça
social. É uma proposta contrária à ideia de latifúndio, que nada mais é do que
a concentração de terras nas mãos de poucos indivíduos ou grupos pequenos.
Entende-se por latifúndio extensões amplas de terras que não utilizadas com
eficiência pelos detentores de sua posse.
O que é reforma
agrária?
Como citamos acima, a reforma agrária consiste na
redistribuição da terra para que a mesma possa cumprir a sua função social. A
existência de latifúndios acarreta em grande desigualdade social e em parte da
população com fome. A reforma objetiva fazer uma redistribuição de caráter
socialmente justo das terras, contemplando, assim, agricultores e pecuaristas
familiares.
Trata-se de um tipo de reforma de base, ou seja, consiste em
um processo que precisa reestruturar as bases em que a sociedade está calcada.
Reforma significa mudança e agrária diz respeito ao seu caráter fundiário. De
maneira geral, a realização de reforma agrária é benéfica para pequenos
agricultores e contribui para a recuperação do valor social da terra.
A reforma agrária no
Brasil
O Brasil se formou com base em uma estrutura fundiária
iniciada em 1530, com as capitanias hereditárias. Faixas extensas de terras do
território brasileiro eram concedidas aos chamados capitães donatários.
O objetivo era que eles colonizassem o território, de
maneira que ele se tornasse produtivo. A contrapartida era pagar o equivalente
a 1/6 da produção para Coroa Portuguesa na forma de impostos. O território do
Brasil foi dividido em apenas 14 capitanias hereditárias, um número pequeno
considerando a extensão continental do país. Foram escolhidos como capitães
homens que tinham condições de produzir.
O insucesso desse sistema se deve, em parte, pelo fato de
que alguns capitães desistiram da tarefa pela sua dificuldade ou, então, por
não querer/poder arcar financeiramente com os custos de viagem e começo de
produção. No entanto, o território continuou concentrado em poucas mãos.
Independência do
Brasil e a manutenção da concentração de terras
O Brasil se tornou independente de Portugal em 1822, a
partir desse marca histórica, as terras passam a ser administradas por
indivíduos detentores de grande poder político e econômico. Os nobres e os
burgueses mais ricos se mantiveram como donos de grandes extensões de terras no
país.
A consequência foi o surgimento de grande desigualdade
social e formação de latifúndios que persistem até os dias de hoje. O Primeiro
Código de Terras do Brasil foi instituído no ano de 1850, esse é considerado
como sendo o primeiro plano de reforma agrária do país. Foi criada, a partir
desse código, a “Lei de Terras” responsável por fazer da terra um elemento
gerador de lucro para a economia. Tornou-se imprescindível reorganizar a
estrutura fundiária.
A grande questão foi que os coronéis latifundiários (grandes
latifundiários do período) prosseguiram no processo de anexo e apropriação de
terras através de grilagem (falsificação de documentos imobiliários). Foi
somente a partir de 1950 que teve início o debate a respeito da distribuição
mais justa de terras. O país passava nesse momento por um processo intenso de
urbanização e industrialização.
Movimentações para a
reforma agrária
No dia 4 de novembro de 1966, foi lançado o primeiro Plano
Nacional de Reforma Agrária do Brasil. No entanto, esse plano nunca foi
colocado em prática. Em 1970, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária) foi criado pelo decreto n° 1.110. Esse instituto teria a
responsabilidade de gerir as questões fundiárias do país.
Inicialmente, o INCRA
deveria colonizar as terras pouco habitadas da região Norte do país. No
entanto, esse projeto não prosseguiu e somente em 1984 a reforma agrária voltou
a ser discutida. A Constituição de 1988 estabelecia que a União tinha por
direito desapropriar terras particulares que fossem comprovadamente
improdutivas, direcionando-as para a reforma agrária.
Foi criado, então, o Ministério Extraordinário para o
Desenvolvimento e Reforma Agrária (MIRAD). Porém, mais uma vez em nossa
história, a iniciativa em prol da reforma agrária não foi concretizada. Essa
pauta voltou à discussão somente em 1996. Depois de quatro anos foi criado o
MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), que incorporou o INCRA.
MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um
ator de grande relevância na discussão da reforma agrária no Brasil. Esse
movimento nasceu em 1984, durante o regime militar, para unificar a luta de
quem desejava encontrar uma terra para produzir.
Camponeses já empreendiam lutas duras contra o sistema
latifundiário antes da consolidação do MST. A organização do movimento permitiu
que suas pautas fossem ouvidas pela sociedade e até mesmo por outros países.
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