O preparo do solo é uma etapa do processo agrícola que deve
ser feita obedecendo a critérios rígidos e técnicas precisas. Usar sistemas de
preparo da terra significa trabalhá-la para melhorar as condições físicas e
químicas para o plantio.
Nesse momento, o produtor pode precisar revolver a terra,
suplementá-la com fertilizantes de tipos diferentes, ou eliminar sementes de
ervas daninhas por métodos físicos ou químicos. Tudo isso visa alcançar uma
maior produtividade da terra, mas pode afetar de forma negativa o terreno.
Esses procedimentos podem modificar todas as características do solo.
Como consequência, o produtor vai assistir a uma
transformação de todo o ecossistema do entorno da sua propriedade. Em alguns
casos, isso pode ser prejudicial para a atividade econômica e, principalmente,
para o meio ambiente como um todo.
Sistemas de preparo do solo
Topografias diferentes exigem manejos diferentes. Além
disso, as próprias características físico-químicas do terreno vão determinar
que tipo de preparo deverá ser feito para que a produção seja otimizada e o
ecossistema, respeitado. Veja a seguir os principais sistemas de preparo do
solo.
Convencional
Para o preparo convencional, o produtor precisa fazer pelo
menos uma aração e duas gradagens no solo, e esses números podem ser
superiores. Entre as vantagens desse sistema está o fato de proporcionar um
melhor controle de pragas. Além disso, o sistema convencional deixa o solo sem
torrões, o que melhora a recepção das sementes. Ele também fica com boa aeração
na camada arável. No entanto, há as desvantagens. Entre os principais problemas
estão um maior risco de erosão, a necessidade de mais mão de obra e uma maior
perda de água no solo. Esse último terá reflexos na necessidade maior de
irrigação.
Direto
O plantio direto é um sistema que não envolve o revolvimento do solo. Ele se baseia nos princípios da cobertura permanente do terreno e na rotatividade de culturas. É um sistema menos agressivo para o meio ambiente e mais econômico para o negócio. Por outro lado, o produtor pode notar uma colheita um pouco menor nos três primeiros anos. Além disso, pode ser necessário um uso maior de herbicidas, e é comum haver uma incidência maior de pragas.
Semidireto
O plantio semidireto é similar ao direto. A semeadura é
feita diretamente sobre a superfície do solo, com uma semeadora especial. A
principal diferença é que, neste sistema, há uma retirada dos resíduos na
superfície do solo.
Cultivo mínimo
Como o próprio nome sugere, a principal característica desse sistema é o mínimo revolvimento do solo para o plantio. Esse sistema demanda menos mão de obra, combustível e gastos com máquinas. O solo mantém uma maior capacidade de retenção de água na superfície, e há uma menor pulverização da superfície do terreno. Por outro lado, o leito de semeadura não fica uniforme e pode ocorrer o embuchamento do arado.
Passos iniciais para o preparo do solo
Para fazer o preparo do solo corretamente, há alguns passos
que o agricultor precisa seguir. Acompanhe.
Aração
Essa técnica consiste em revirar as camadas do solo, de modo
a invertê-las. Com o auxílio de um arado, o produtor revolve as camadas em uma
profundidade de aproximadamente 20 centímetros.
A prática aumenta os níveis de oxigenação da matéria
orgânica. A prática é muito comum nas regiões do globo que têm clima temperado.
No entanto, em países tropicais como o Brasil, que são sujeitos a intempéries,
ela pode não ser uma boa estratégia em longo prazo, pois compromete a saúde do
solo. No nosso clima, há uma redução drástica nos níveis de cálcio, que pode
acontecer até dez vezes mais rapidamente do que nas regiões de clima temperado.
Escarificação
Essa técnica é menos agressiva e também pode ser feita para
o preparo do solo. Com um escarificador mecânico, faz-se o rompimento de
camadas do solo, mas sem revolvê-las ou invertê-las. A técnica é muito usada no
sistema de preparo mínimo do solo e tem sido utilizada em alternativa à aração.
No clima brasileiro, a escarificação também tem como desvantagem reduzir muito
rapidamente os níveis de cálcio no solo.
Subsolagem
Esse tipo de técnica é indicada para solos com camadas superiores
que impeçam o fluxo de água ou o desenvolvimento das raízes das plantas em
profundidades que ultrapassem os 30 cm. A subsolagem consiste em uma
descompactação do solo que é um pouco mais profunda do que a escarificação.
Os subsoladores são equipamentos que têm hastes mais
robustas e longas do que os escarificadores. O espaçamento maior entre as
hastes permite a vazão da terra durante a execução da técnica. A subsolagem
deve ser seguida por operações complementares, pois uma das características dessa
técnica é deixar a terra com bastante irregularidades na superfície.
Gradagem
A técnica de gradagem costuma ser realizada depois da aração
e da subsolagem. Ela serve para quebrar os torrões deixados por essas técnicas
e deixar a terra mais uniforme e a superfície, plana. A gradagem está caindo em
desuso, pois novas técnicas do sistema de plantio direto dispensam a
necessidade de um solo tão solto e uniforme.
Alguns agricultores continuam revolvendo a terra em suas
propriedades, mesmo aplicando o sistema de plantio direto. Além de ser um erro
que prejudica a saúde do solo, essas práticas são desnecessárias, pois, com as
técnicas de plantio direto, é possível alcançar uma produção otimizada lançando
as sementes diretamente sobre o solo, sem revolvê-lo. O preparo do solo é uma
etapa de fundamental importância não só para a safra, mas para a
sustentabilidade da propriedade no longo prazo.
Caso haja um manejo errado da terra, pode ocorrer a
desertificação da área, impedindo a continuação das atividades econômicas no
terreno e prejudicando as próximas gerações que vão trabalhar essa terra. O
problema não é só financeiro: essa alteração profunda nas características
físico-químicas da terra pode contribuir até mesmo para o aumento do efeito
estufa e o aquecimento da superfície terrestre.
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