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BUBALINOCULTURA: Conheça todas as características que envolvem a produção de bufálos no Brasil.

 


Os búfalos, espécie Bubalus bubalis, família Bovidae e subfamília Bovinae, tem origem asiática, e são encontrados em praticamente todos os continentes, como: Europa (Itália), África (Egito), Ásia (Índia, Paquistão, Tailândia, China e Vietnã) e América do Sul (Brasil, Argentina, Venezuela, Peru e Colômbia). Essa ampla distribuição geográfica pode ser explicada pela grande rusticidade e capacidade desses animais em adaptar-se. Isso permite que sejam criados nos mais diversos ambientes, com diferentes climas, relevos e vegetações.

No ocidente, o Brasil possui o maior rebanho de bubalinos. A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos considera que o rebanho nacional chega a três milhões de cabeças, embora a bubalinocultura seja considerada ainda recente no país. Os búfalos do Brasil são originários da Europa, Caribe e Ásia. Inicialmente, foram introduzidos especificamente na Ilha de Marajó, localizada no Pará, por conseguinte, se difundindo pelo estado, por toda região Norte e depois para outras regiões brasileiras. Os registros indicam que os primeiros búfalos, da raça Carabao, foram comprados em 1890 pelo Dr. Vicente Chermont de Miranda, para a Ilha de Marajó, e em 1895, a Sra. Leopoldina Lobato de Miranda e seus filhos em Marajó, importaram búfalos da Itália.

Os criadores brasileiros observaram o potencial dos búfalos para a produção de leite e carne e começaram a investir na atividade. Atualmente, 65% do rebanho bubalino do país localiza-se na região Norte. Embora sejam reconhecidas 182 raças de búfalos no mundo, o rebanho brasileiro é composto pelas raças Carabao (búfalo do pântano), Murrah, Mediterrâneo e Jafarabadi (búfalos do rio)

Carabao, de origem filipina, são os únicos adaptados às regiões pantanosas, estão concentrados na ilha de Marajó. Apresentam pelagem mais clara, cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, porte médio e capacidade para produção de carne e leite, além de serem bastante utilizados como animais de tração. Os animais da raça Murrah, de origem indiana, apresentam conformação média e compacta, cabeças pequenas e chifres curtos, espiralados enrodilhando-se em anéis na altura do crânio. Já os Mediterrâneos têm origem italiana, possuem dupla aptidão (carne e leite), são de porte médio e medianamente compactos. Jafarabadi, também de origem indiana, é a raça menos compacta e de maior porte, apresenta chifres longos e de espessura fina, com uma curvatura longa e harmônica.



A criação de búfalos é uma alternativa eficiente aos produtores rurais, tendo em vista a maior rusticidade desse animal, o que permite o manejo simples e de baixo custo concomitante com eficiente produção, além do aproveitamento de áreas inadequadas para bovinos, como as regiões alagadas. Embora ainda não haja uma legislação federal específica que determine o padrão de identidade e qualidade do leite de búfala, este apresenta características peculiares que o torna mais nutritivo e rentável industrialmente quando comparado ao de vaca, sendo, portanto, considerado um alimento de alta qualidade.

O manejo realizado nas propriedades criadoras de bubalinos no Brasil ainda se mostra deficiente em diversos aspectos, como por exemplo, em relação ao controle zootécnico, que é realizado de forma individual por apenas 16,7% dos criadores. Desta forma, os produtores não sabem informar ao certo a idade ou peso com o qual os bezerros são desmamados, deixando que isso ocorra de forma natural. Também se observa que o manejo reprodutivo e as biotécnicas como IATF, transferência de embrião e fertilização em vitro são pouco utilizadas, sendo a monta natural o método mais aplicado pelos criadores. Com relação ao controle sanitário, a maioria dos rebanhos conta com a assistência de um médico veterinário, porém ainda demonstra valores insatisfatórios quando se discute, por exemplo, a incidência de vacinação para doenças como raiva e botulismo, em que para ambas as doenças, apresentam vacinações abaixo dos 25%.

Uma importante barreira enfrentada pela bubalinocultura é a falta de aceitação pelo consumidor final, já que há pouco investimento em campanhas mercadológicas que venham a incluir os produtos oriundos dos búfalos no mercado com a imagem de alimento saudável, pouco calórico e de alta qualidade. A Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos incentiva os pecuaristas na conquista do chamado Selo de Pureza, cuja finalidade é certificar as marcas de queijo fabricado apenas com leite de búfala. A proposta é diferenciar os produtos puros para valorizá-los junto ao consumidor, e afirma: “a verdadeira Mozzarella de Búfala tem que ser produzida com leite 100% Búfala. Tanto que na Itália, o queijo que usar o leite de vaca como matéria-prima perde o direito de utilizar o nome Mozzarella.”

Pode-se concluir que a criação de búfalos é uma atividade com grande potencial de produção, porém ainda são necessários diversos ajustes na cadeia produtiva, como o emprego de assistência técnica especializada, realização adequada do controle zootécnico, implantação de programas de melhoramento genético e sanitário, bem como o incentivo ao consumo de seus produtos pela população.



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