SISTEMA DE PASTEJO ROTACIONADO: Aprenda o que envolve esse sistema de pastejo, e quais são as suas vantagens.
Sabia que a agropecuária representa 15% do PIB brasileiro? Com tanta competição, o pecuarista que deseja ser
competitivo no mercado precisa encontrar formas de melhorar o aproveitamento da
propriedade, garantindo viabilidade para o desenvolvimento do seu negócio.
Aí entra o sistema de pastejo
rotacionado, baseado na ocupação periódica de áreas de pastagem, que vem
ganhando cada vez mais força como forma de exploração. Entre suas maiores
vantagens estão o melhor aproveitamento do pasto, a possibilidade de aumento da
taxa de lotação e consequentemente maior produtividade. O problema é que o
sistema ainda levanta muitas dúvidas.
Quais as vantagens do pastejo
rotacionado?
Esse método é muito eficiente, e
a principal vantagem é proporcionar maior produção de arroba por hectare. Mas
esse é só um dos benefícios do pastejo rotacionado. Outros são:
- permite
o controle da quantidade e qualidade de forragem disponível;
- com
os períodos de descanso, a pastagem se recupera sem a interferência dos
animais, chegando na altura ideal para um novo pastejo;
- como
o pastejo é mais uniforme, a forragem é mais bem aproveitada, assim
diminuindo perdas;
- ocorre
uma melhor distribuição de excreções dos animais, melhorando a ciclagem
dos nutrientes no solo;
- auxilia
no controle das plantas invasoras, já que o sistema proporciona ao pasto
melhores condições de desenvolvimento.
Agora que você já conhece as
principais vantagens do pastejo rotacionado, veja o que é preciso saber antes
de optar pelo sistema!
O que é bom saber sobre o pastejo
rotacionado?
Responderemos agora às 7
principais dúvidas sobre pastejo rotacionado.
1. O pastejo rotacionado é
indicado para qualquer época do ano e pode ser utilizado em todo o território
nacional?
Praticamente em todo o Brasil e
em toda época do ano, pode ser implantado o sistema de pastejo rotacionado. No
entanto, o pecuarista tem que avaliar as características da região em relação
ao índice pluviométrico, temperatura e qual espécie de forragem mais se adéqua
a suas condições.
É importante ressaltar, porém,
que o sistema apresenta melhores resultados na estação chuvosa, já que se tem
condições mais favoráveis para que uma forrageira com alto potencial de
crescimento se desenvolva.
2. O custo do pastejo rotacionado
é mais elevado que o do pastejo contínuo?
No geral, o custo de implantação
de um projeto de pastejo rotacionado é mais elevado do que o do pastejo
contínuo e, muitas vezes, requer investimentos na correção do solo, em cercas elétricas para as divisões
dos pastos, cochos e bebedouros.
O investimento em adubação é
recomendado em muitos casos. Por se tratar de um sistema intensivo de produção,
o uso da adubação maximiza o potencial genético da forragem, em que a
quantidade dependerá da taxa de lotação pretendida pelo pecuarista. Esses
gastos variam de acordo com cada projeto.
Devemos ficar atentos a um outro
investimento que muitas vezes não é contabilizado no projeto, que é a compra de
animais, já que estamos saindo de um sistema contínuo, que muitas vezes é de 1
animal/ha e indo para o sistema rotacionado (solo corrigido e adubado) e passa
para 5 animais/ha (depende do projeto de adubação). Ou seja, o custo de
investimento em animais ficou 5 vezes maior.
Com maior produção por ha, todo o
investimento é diluído e o custo x benefício é muito favorável para a
implantação do pastejo rotacionado.
3. O ganho de peso por animal no
pastejo rotacionado é maior?
No pastejo contínuo, quando se
tem uma taxa de lotação de leve a moderada, pode se ter ganhos iguais ou
superiores ao obtido no pastejo rotacionado. O que determinará o ganho de peso
do animal será a quantidade de forragem disponível e a sua qualidade, seja em
pastejo contínuo ou rotacionado.
Vamos exemplificar levando em
conta um sistema contínuo com 1 U.A/ha (Unidade animal = 450 kg) e um sistema
rotacionado com 5 U.A/ha (corrigido e adubado), sendo que deixaremos esses animais
90 dias com um GMD (Ganho médio diário) no sistema contínuo de 0,600 kg, e no
sistema rotacionado de 0,450 kg.
Se olharmos somente o GMD
individual, o sistema contínuo, nesse exemplo, é melhor. Mas se avaliarmos o
ganho no período por área, que é no sistema contínuo 0,600 kg x 90 dias x 1 U.A
= 54 kg/ha e no sistema rotacionado 0,450 x 90 dias x 5 U.A/ha = 202,5/ha.
Ou seja, apesar do ganho
individual do sistema contínuo ser maior, o ganho por área no rotacionado,
nesse exemplo, é quase 4 vezes maior, mostrando que o sistema é muito eficiente
se levarmos em consideração a produção de @/ha.
4. A suplementação é essencial no
sistema de pastejo rotacionado?
Como já foi dito anteriormente,
na maioria dos projetos de pastejo rotacionado é utilizado adubos para maior
produção de forragem. Dessa forma, o uso de suplementos minerais dependerá de
algumas variáveis, como:
- estação
do ano;
- nível
de adubação desse pasto;
- estrutura
disponível;
- categoria
animal.
Com esses dados, o técnico pode
decidir junto com o pecuarista a melhor estratégia nutricional para atingir a
meta estabelecida, seja um mineral aditivado, um proteinado ou um proteico
energético.
A utilização da suplementação em
pastejo rotacionado como em outros sistemas é de extrema importância para
potencializar o desempenho dos animais.
5. Qual forrageira utilizar no
pastejo rotacionado?
A tendência é a utilização das
plantas com maior potencial de crescimento, como os panicuns: o Tanzânia e
Mombaça. Mas tem sido muito utilizado também as braquiárias com excelentes
resultados. O correto é buscar uma indicação de um especialista, que indicará a
forragem mais adaptada para cada região.
6. Apenas o gado de corte
comercial se beneficia do pastejo rotacionado?
O pastejo rotacionado é utilizado
tanto em gado de corte comercial, como em gado
de elite e em gado leiteiro. Essas atividades se beneficiam igualmente das
vantagens do sistema.
7. É necessário adubar a pastagem
no sistema rotacionado?
Caso a área em questão já tenha
sido corrigida, ou por exemplo, a cultura anterior tenha sido uma lavoura, ou
já é uma área com forragem estabelecida e o pecuarista chegou a conclusão que a
taxa de suporte desta pastagem está dentro do do seu projeto de produção, não
há necessidade de adubar nesse momento.
O pastejo rotacionado pode
ser introduzido sem ser realizada a adubação e, assim mesmo, se ter uma taxa de
lotação maior que no pastejo contínuo. Isso se deve ao fato do sistema melhorar
o aproveitamento da forragem produzida.
Todos nutrientes retirados do
solo pelas plantas tem que voltar para se ter a mesma ou maior produtividade,
dependendo do caso. Por se tratar de um sistema intensivo, em muitos casos
faz-se necessário uma análise de solo, normalmente no início da seca. De acordo
com essa análise e a taxa de lotação planejada, um técnico avaliará se será
necessário protocolo de correção e adubação.
Todo projeto deve ser bem
planejado levando em consideração todos os custos de implantação, manutenção e
desenvolvimento. Na pecuária de corte, temos que saber o valor do custo da @
produzida, para conseguir projetar o lucro esperado por ha e decidir se vale a
pena investir no projeto.
Estamos vivendo mudanças no setor
da pecuária, sendo que as cobranças vêm de todos os lados — ambientalistas,
governos e consumidores. Isso faz com que tenhamos que nos adequar à nova
realidade.
Hoje, a palavra em alta é
sustentabilidade e o sistema de pastejo rotacionado, bem planejado e conduzido,
é uma tecnologia que se enquadra muito bem nesse tema, além de trazer um
aumento na rentabilidade do negócio.
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