Pular para o conteúdo principal

GEADA NA AGRICULTURA: Saiba a influencia da geada na produção agricola, e nas atividades no campo.

 


A geada é um fenômeno muito conhecido pelo produtor rural, causando grande preocupação devido aos prejuízos econômicos que provoca na lavoura. No Brasil, é um fenômeno frequente nos estados de Minas Gerais (região sul), São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Definida como o congelamento dos tecidos vegetais que provoca a morte das plantas ou suas partes (folhas, ramos, frutos, caule), em função da baixa temperatura do ar, que atinge 0°C, havendo ou não a formação de gelo sobre os tecidos.  A suscetibilidade das culturas agrícolas às geadas varia com a espécie e com a fase fenológica no momento da ocorrência.

 

Os tipos de geada são definidos de acordo com a sua formação ou pelo aspecto visual. Confira abaixo como elas se formam, suas aparências e também como minimizar os impactos que ela causa na lavoura.


Como se formam?

Geada de advecção ou de vento frio: são provocados por ventos fortes e constantes, com temperaturas muito baixas durante muitas horas seguidas. O ar frio irá ressecar a folhagem e causar a sua morte. A advecção de ar frio resulta da entrada de massas de ar frio, provenientes da região polar. 

Geada de radiação: ocorre quando há resfriamento intenso da superfície por perda de energia em noites de céu limpo, provocado por um sistema de alta pressão, que inibe a formação de nuvens no céu facilitando a perda de radiação da superfície para a atmosfera.

Geada mista: situação em que ocorre os dois processos anteriores sucessivamente, ou seja, entrada do ar frio e seco que estagna sobre a região favorecendo intensa perda de energia durante a noite.

Geada de canela: provocada pelo vento que sopra morro abaixo em noites de intenso resfriamento da superfície. O vento congela a seiva que passa pelo caule das plantas próximo ao solo (“canela” da planta), assim os vasos condutores de seiva nessa região são necrosados, aparentando cor escura.

Os aspectos visuais

Geada negra: ocorre quando umidade do ar está baixa e a perda radiativa é intensa, causando um forte resfriamento a ponto de chegar a temperatura letal da planta. Em função da baixa umidade no ar não há deposição de gelo.

Geada branca: ocorre quando o intenso resfriamento noturno provoca o congelamento sobre as plantas, com deposição de gelo. Nesse caso, a atmosfera está úmida e provoca a condensação o vapor d’água com a liberação de calor latente, fato que ajuda a reduzir a queda de temperatura. Assim a geada branca se torna menos severa que a geada negra.

Figura. Ação da geada no cafezal

Agravantes naturais da geada

Existem aspectos gerais da área que facilitam o acúmulo de ar frio, favorecendo a formação de geada, como a vegetação fechando a saída da bacia hidrográfica.

Vegetação de porte alto à jusante: favorece o acúmulo de ar frio na área destinada a plantio de culturas perenes. Nesse caso deve ralear a mata ciliar na beira do rio para que o escoamento do ar frio passe entre as árvores.

Vegetação de porte baixo à montante: favorece o escoamento de ar frio pela encosta provocando a geada de canela. Para evitar o escoamento de ar frio sobre a encosta, deve-se plantar árvores e arbustos nas beiradas do campo.

Como minimizar os efeitos da geada

É possível minimizar os efeitos causados pela geada através das seguintes práticas:

Planejamento do local e semeadura: Visa analisar dados climáticos do local e variedade a ser cultivada, possibilitando a escolha de locais e época de plantio/semeadura de modo a se evitar os períodos mais críticos com relação a ocorrência de geadas.

Utilização de variedades resistentes: Para uma mesma cultura as variedades podem apresentar diferentes tolerâncias ao frio. O conhecimento das temperaturas letais para as diferentes variedades cultivadas, tanto anuais como perenes, possibilita a escolha daquelas mais adequadas para a região.

Nebulização artificial da atmosfera: Aplicação de neblina artificial sobre a cultura de modo a reduzir a perda de energia pela a superfície, evitando o resfriamento intenso.

Irrigação: Aplicação de água por aspersão na cultura durante a noite da geada em uma taxa de 2 a 6 mm/h. Quando a água congela libera calor latente, reduzindo o resfriamento e mantando a temperatura por volta de 0°C.

Uso de coberturas protetoras.: Utilização de coberturas plásticas que proporcionam condições microclimáticas adequadas para os cultivos em épocas de ocorrência de geada.

Ventilação forçada: Consiste em misturar o ar da atmosfera mais quente (acima) com o ar mais frio (abaixo), pois nas noites de inverno ocorre a inversão térmica, com a superfície sendo mais fria que as camadas de ar mais altas. Para aplicar esse método é necessária a instalação de grandes ventiladores acima da cultura, porém só é aplicável em pequenas áreas planas.

Figura. Ação da geada na cultura do alface

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TABELAS DE INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO

Classificação das leituras de pH em água e em CaCl 2 pH em água Classificação* < 5 acidez elevada 5,0 a 5,9 acidez média 6,0 a 6,9 acidez fraca 7,0 neutro 7,1 a 7,8 alcalinidade fraca > 7,8 alcalinidade elevada pH em CaCl 2 Classificação* < 4,3 acidez muito alta 4,4 a 5,0 acidez alta 5,1 a 5,5 acidez média 5,6 a 6,0 acidez baixa 6,0 a 7,0 acidez muito baixa 7,0 neutro > 7,0 alcalino * Relação solo:solução = 1:2,5 Interpretação de análise de solo para P extraído pelo método Mehlich, de acordo com o teor de argila, para recomendação de fosfatada em sistemas de sequeiro com culturas anuais. Teor de argila Teor de P no solo Muito baixo Baixo Médio Adequado Alto % ------------------------------------mg/dm³------------------------------------ ≤ 15 0 a 0,6 6,1 a 12,0 12,1 a 18,0 18,1 a 25,0 > 25,0 16 a 35 0 a 0,5 5,1 a 10,0 10,1 a 15,0 15,1 a 20,0 > 20,0 36 a 60 0 a 0,3 3,1 a 5,0 5,1 a 8,0 8,1 a 12,0 > 12,0 > 60 0 a 0,2 2,1 a 3,0 3,1 a 4,0 4,1 a 6,0 > 6,0 Fonte: Sou

Como Medir o pH do Solo e Corrigir sua Acidez: Guia Passo a Passo

Como Medir o pH do Solo e Corrigir sua Acidez: Guia Passo a Passo Medir o pH do solo é fundamental para garantir a saúde e a produtividade das plantas cultivadas. Um solo com pH adequado proporciona uma melhor absorção de nutrientes pelas plantas, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento. Com o Medidor de pH do Solo , esse processo se torna ainda mais simples e preciso. Neste guia, vamos ensinar como medir o pH do solo e corrigir sua acidez, além de apresentar tabelas úteis para auxiliar na interpretação dos resultados. Passo 1: Preparação do Solo Antes de medir o pH do solo, certifique-se de que o solo esteja úmido , mas não encharcado. Evite realizar a medição logo após a aplicação de fertilizantes ou corretivos, pois isso pode interferir nos resultados. Passo 2: Utilização do Medidor de pH do Solo Ligue o Medidor de pH do Solo. Insira a sonda do medidor no solo, a uma profundidade de aproximadamente 5 a 10 centímetros . Aguarde alguns segundos até que o medidor estabilize e ex

COMO MEDIR A FERTILIDADE DO SOLO EM 3 SEGUNDOS

A Importância da Medição da Fertilidade do Solo e Nosso Novo Medidor A fertilidade do solo é um dos pilares fundamentais para garantir uma agricultura produtiva e sustentável. Entender e medir a fertilidade do solo é essencial para assegurar que suas plantas recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável e vigoroso. Nesta matéria, vamos explorar a importância de monitorar a fertilidade do solo e apresentar o nosso novo Medidor de Fertilidade do Solo, que está disponível em nossa loja online. Por que Medir a Fertilidade do Solo? Otimização da Nutrição das Plantas Nutrientes Essenciais: A fertilidade do solo refere-se à capacidade do solo de fornecer os nutrientes essenciais necessários para o crescimento das plantas. Os principais nutrientes incluem nitrogênio, fósforo e potássio, além de micronutrientes como ferro, manganês e zinco. Crescimento Saudável: Medir a fertilidade do solo ajuda a garantir que suas plantas tenham acesso aos nutrientes em quantidade sufi