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Principais raças de bovinos de leite e suas características

Na pecuária leiteira, o patrimônio genético do rebanho influencia fortemente os rumos do negócio. Assim, para garantir a eficiência produtiva e a qualidade do leite, o produtor precisa conhecer as raças de bovinos de leite antes de fazer a sua escolha. Entretanto, essa decisão também passa por outros fatores que não podem ser ignorados.

Por exemplo, um dos pontos que mais deve pesar nessa balança é o tipo de sistema de produção que será adotado na fazenda — se intensivo, extensivo ou outros. Isso porque, dependendo do que você espera para o seu negócio e das condições da sua região, uma raça rústica é mais indicada, em vez de uma que produza um grande volume de leite. 

Baseado nisto estas são as principais raças de bovinos de leite mais utilizadas no país e suas características:

1. Raça Holandesa

A raça Holandesa é, de longe, a mais difundida no setor leiteiro, dada sua notória capacidade de produzir leite: 6 a 10 mil kg em média, em 305 dias de lactação. Tem origem nos Países Baixos e é resultado da cruza de várias raças europeias, selecionadas com o objetivo de desenvolver uma linhagem que obtivesse a melhor conversão alimentar sob o regime de pastejo. O Holandês tem úbere de boa conformação e grande capacidade, e o leite tem boa concentração de sólidos. As novilhas conseguem ter sua primeira cria em torno dos 2 anos de idade, e seus bezerros nascem pesando, em média, 38 kg.

Como a raça é originária de países de clima mais frio, os animais são exigentes quanto ao clima, não se adaptando muito bem às regiões quentes do Brasil ou com pastagens de produtividade sazonal. Contudo, é amplamente utilizada como matriz em cruzamentos, podendo transmitir excelentes atributos às novas linhagens. Também é preciso atentar para conforto e o manejo.São animais recomendados para sistemas de média e alta produção, e a pelagem típica é branca e preta ou branca e vermelha.

2. Raça Girolando

Resultado da iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no início da década de 1980, a Girolando é uma raça genuinamente brasileira, fruto do cruzamento da Gir com a Holandesa. Esse trabalho gerou animais rústicos como o Gir e altamente produtivos como o Holandês. Dessa última linhagem, ainda herdou a fertilidade, a longevidade e a precocidade sexual. A Girolando é extremamente bem-adaptada aos trópicos, além de ser flexível para diferentes tipos de clima e manejo. Tem boa eficiência reprodutiva e conversão alimentar, o que confere um desempenho econômico muito satisfatório.

Como é uma raça mestiça, seu preço é menor, quando comparado ao das raças puras, traduzindo mais uma vantagem para o produtor. A produção de leite é excelente: média de 5.061 kg em 283 dias. Aos 36 meses de idade, tem a primeira cria e é dócil com seus bezerros, que nascem com 35 kg, aproximadamente. 

Todas essas qualidades fazem da raça Girolando a responsável por 80% do leite produzido em território nacional. Por sua capacidade adaptativa, também é recomendada para iniciantes.

3. Raça Jersey

A Jersey é outra raça europeia, porém, mais rústica que a Holandesa. Considerada por especialistas a segunda melhor raça leiteira, adapta-se mais facilmente a adversidades e demonstra elevada tolerância ao calor, mantendo uma alta produção de leite: 3.500 a 5.500 mil kg em 305 dias de lactação.

Seu ubere tem tetos pequenos e espaçados, é quadrado, volumoso e bem irrigado. O leite tem altos teores de proteína e gordura (5,0%) e, por isso, é muito utilizado para a produção de manteiga. As vacas são de pequeno porte, e sua pelagem varia do amarelo-claro ao pardo escuro. O tamanho menor possibilita que o produtor tenha mais animais por hectare e que os animais precisem de menos energia para o seu sustento, o que confere menor custo na alimentação. Ademais, são menos vulneráveis a desgastes nos membros e bastante dóceis.

É a raça mais precoce entre as leiteiras, podendo ter a primeira cria entre os 15 e os 18 meses de idade. Além disso, são muito férteis e longevas.

4. Raça Pardo Suíço

Uma das raças mais antigas de bovinos de leite, originária do Sudeste da Suíça. Apesar da origem nórdica, é rústica e apresenta boa tolerância ao calor. Além da boa produção de leite — mais de 2.500 kg em 200 dias de lactação — pode ser usada para a produção de carne.

O úbere é bem desenvolvido, com tetos de tamanho médio e boa inserção. A pelagem varia de pardo claro a cinza escuro, e as novilhas têm a primeira cria perto dos 30 meses de idade. Também contam com altas taxas de longevidade e fertilidade, além de transmitirem facilmente suas características nos cruzamentos entre linhagens.

5. Raça Gir

Essa e próxima raça da nossa lista são as raças Zebu Leiteiras. Por serem originárias da Índia, são bastante rústicas, adaptando-se bem a altas temperaturas e umidade do ar e usufruindo as pastagens de baixo valor nutricional com eficiência. A raça Gir é tida como mista, pois tem boa produção de leite e de carne.

Produz, em média, 777 kg de leite em 286 dias, e seus criadores tentam desenvolver uma variedade leiteira. O úbere e os tetos são pendulosos, o porte dos animais é médio a grande, e a pelagem é variada. As novilhas têm seu primeiro parto aos 43 meses; seus bezerros são pequenos, porém, fortes.

A raça tem longevidade reprodutiva e produtiva, além de ser a linhagem indiana mais utilizada nos cruzamentos. Ótimos resultados são obtidos na cruza de Gir com Holandês ou outra raça tão especializada quanto.


Como você notou, há raças de bovinos de leite com inúmeras qualidades e diferentes características para que você escolha a que melhor satisfará os seus planos de negócio. O mais sensato é criar raças mestiças, caso você seja um iniciante e, à medida que se aperfeiçoa na atividade, pode apurar seu rebanho para uma criação mais pura e especializada na produção de leite.


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