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Implantação de um cafezal

O cafeeiro é uma planta perene de clima tropical. Pertence a família das Rubiaceas e ao gênero Coffea que reúne diversas espécies. A Coffea arabica e Coffea canephora (robusta) são as de maior interesse econômico, constituindo respectivamente, 70% e 30% da produção mundial.


O Brasil é o maior produtor e exportador de café e o segundo maior consumidor após os EUA. A Bahia está entre os principais estados produtores de café no Brasil, ocupando a quinta posição com 1,2 milhão de sacas. Destas, 80% são de café arabica e o restante do robusta cv. Conilon. 




CLIMA E SOLO

Exigências climáticas: café arábica – altitude entre 450 a 800 m, temperatura de 18º a 22º C; café robusta – temperatura de 22º a 26º C, altitude de até 450 m. Precipitação anual de 600 a 1500 mm são suficientes para a cultura desde que bem distribuídas.

Solo: deve ter profundidade mínima de 1 m, não ser pedregoso ou excessivamente arenoso, de preferência fértil e de boa drenagem. Áreas de baixada são ináptas ao plantio mesmo com sistema de drenagem artificial.

VARIEDADES COMERCIAIS

As variedades de café arábica produzem café fino, de aroma e sabor mais apreciados no mundo e alcançam os maiores preços no mercado. As cultivares mais indicadas para plantio: Mundo Novo, Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho, Acaiá e Icatu. São adaptadas a regiões de temperaturas amenas e altitude elevada. Os plantios são formados por mudas oriundas de sementes.

A espécie C. canephora mais conhecida como robusta, produz café de qualidade inferior ao arábica. Vem tendo ampla aceitação no mercado por ter preço menor e ser de grande interesse para indústria de café solúvel. A cultivar mais difundida para plantios é a Conilon, adaptada a regiões de baixa altitude e temperaturas elevadas, de grande rusticidade, vigor e resistência a deficiências hídricas prolongadas. Na Bahia, é indicada para plantios na região sudeste. A sua multiplicação pode ser por mudas formadas de sementes ou de estacas (clonal). Na formação das lavouras é aconselhável o uso de mudas clonais para garantir uniformidade e produtividade.



PLANTIO

Escolha da área – deve ser plana ou suavemente ondulada. Não é aconselhável o uso de terrenos com declividade acima de 18%.

Preparo da área – a depender da cobertura vegetal da área (capoeira, culturas permanentes, pastagens ou culturas anuais)pode ser manual, mecânica ou mista. Em solos compactos a aração deve ser feita à profundidade de 20 a 30 cm.

Espaçamento – depende de uma série de fatores: cultivar a ser plantada, equipamentos a serem utilizados, topografia da área e fertilidade do solo, entre outros. Os espaçamentos convencionais (abaixo de 2500 plantas/ha) variam de 1.5 a 2,5 m entre plantas e 3,0 a 4,0 m entre linhas.



Coveamento – deve ser feito manual ou mecanicamente nas dimensões de 40 x 40 x 40cm, separando-se a terra mais fértil retirada da cova para misturar com adubo no momento do plantio das mudas.

Plantio das mudas – deve ser realizado no período chuvoso com mudas de quatro a seis pares de folhas aclimatadas ao sol. É importante o uso de cobertura morta em volta da muda para manter a umidade do solo e reduzir a competição com ervas daninhas.


TRATOS CULTURAIS

Controle de ervas daninhas – pode ser feito através de capinas manuais, mecânicas, químicas (herbicidas) ou uma associação entre estas. O método de controle vai depender da topografia, tipo de solo, tamanho da lavoura, espaçamento, custos dos herbicidas, entre outros.

Adubação - tanto no plantio como nos anos subsequentes deverá ser realizada de acordo com análise química de solo para orientar adequadamente a calagem e a adubação. Entretanto, informações obtidas durante anos em solos de baixa fertilidade sugerem as seguintes recomendações práticas:

Adubação na cova – 150 a 200 g de superfosfato simples, 200 a 300 g de calcário dolomítico, 25 g cloreto de potássio, 5 a 10 litros de esterco de curral ou 3 a 5 litros de esterco de galinha.

Adubação de cobertura – realizar no período chuvoso. O intervalo entre uma adubação e outra deve ser de 45 a 60 dias. Aplicar anualmente as seguintes doses por cova de plantio.

Adubação Foliar – realizar duas a três vezes ao ano para corrigir deficiências de micronutrientes. Deverá ser, sempre, realizada de acordo os resultados anuais de análises de solo e folha.



Pragas – o cafeeiro é atacado por várias pragas, sendo as mais limitantes as seguintes: Broca do café (Hipothenemus hampei), prejudicial em todos estágios do fruto. O controle químico é feito com Endosulfan. Bicho Mineiro (Perileucoptera coffeella): é a mais prejudicial depois da Broca, causa drásticas desfolhas em viveiro de mudas e nas lavouras. O controle é realizado com inseticidas fosforados e piretróides. Cochonilhas: ataca principalmente viveiros. Controle com inseticidas fosforados. Nematóides: causam ataque, normalmente, em reboleiras com redução da produção e morte de plantas. É de difícil erradicação. Utilizar medidas preventivas utilizando mudas de boa procedência e evitar plantios em locais infestados onde anteriormente haviam plantações de café.

Doenças – muitas doenças incidem sobre o cafeeiro nas fases de viveiro e campo. A ferrugem causada pela Hemileia vastatrix é a mais grave. O controle químico é feito com aplicação de fungicidas cúpricos. Cercosporiose também conhecida por Mancha de olho pardo causa desfolha em plantações e viveiros. Controle preventivo: evitar viveiros em locais úmidos e utilizar substratos ricos na formação das mudas. Controle químico: com fungicidas cúpricos. Rizoctoniose, conhecida por doença do “tombamento” é comum em viveiros. Controle preventivo: evitar sua formação em locais com alta umidade e muito sombreados. Controle químico com fungicidas cúpricos.


COLHEITA E BENEFICIAMENTO

Colheita – deve ser iniciada quando a maior parte dos frutos estiverem maduros. Em geral, quando se tem 70% dos mesmos na fase denominada de cereja. O café verde causa prejuízo quanto ao tipo e qualidade da bebida e interfere no valor do produto. A colheita no país é feita praticamente por derriça no pano ou no chão.

Beneficiamento – a secagem pode ser feita em terreiros ou com auxílio de secadores. A massa de café durante a secagem não deve alcançar temperatura superior a 45º C. A umidade ideal para armazenamento é de 13%.


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