FITOPATOLOGIA NO BRASIL
Segundo GALLI e CARVALHO (1968), não se pode traçar um bom histórico da
fitopatologia no Brasil pois são poucas informações escritas. Em uma revisão sobre o
assunto COSTA (1975), cita Arséne Puthemans como um dos primeiros fitopatologistas do
Brasil e menciona como trabalho pioneiro o do alemão Draenert sobre o relato de uma
bacteriose em cana-de-açucar na Bahia em 1869.
A história inicial desta ciência no Brasil está ligada em sua maior parte a cientistas
estrangeiros que vieram ao país e estudaram problemas especiais de patologia relacionados
com as plantas que no século XVIII e início do passado eram de importância para a
agricultura como a cana-de-açucar, cafeeiro, videira, batata, coqueiro. Os pesquisadores
trabalhavam geralmente associados a museus ou jardins botânicos, ou ensinavam esta
disciplina nas escolas de agronomia do país.
Para a formação da Fitopatologia no Brasil, primeiramente contribuíram os
estrangeiros ou nacionais cuja formação derivava das escolas alemã, belga, francesa,
italiana e russa. Ainda de acordo com COSTA (1975), a influência da escola norte-americana
só se fez sentir a partir da terceira década no século XX.
Analisando-se dados referentes ao assunto, verifica-se que no Brasil a Fitopatologia
se desenvolveu em duas linhas paralelas. De um lado já no fim do século XIX, alguns
micologistas que desenvolvendo trabalhos de levantamento de fungos associados a plantas
cultivadas ou não, concentravam o seu maior interesse na sua classificação e catalogação,
sem maiores preocupações com a importância da doença e prejuízos causados. De outro
lado, outro grupo de cientistas mostrou-se mais interessado em estudar doenças de
culturas de interesse econômico e propunham soluções para diminuir seus efeitos
prejudiciais.
A partir do início do século XX, Fitopatologia foi incluída como matéria de várias
escolas de agronomia. Seu desenvolvimento está estritamente ligado ao ensino.
Dentre os acontecimentos importantes no histórico da Fitopatologia brasileira podem
ser citados a realização da Primeira Reunião de Fitopatologistas do Brasil, em 1936, por
iniciativa de H. S. Grillo; realização em 1963, da Terceira Conferência da Associação
Internacional de Virologia em Citros em São Paulo por iniciativa de Silvio Moreira, Victoria
Rosseti e Ari Salibe; a criação da Sociedade Brasileira de Fitopatologia em 1966/67 por
iniciativa de C. C. Allison e F. Galli da ESALQ de Piracicaba (SP); criação do Grupo Paulista
de Fitopatologia em 1975.
As primeiras escolas de agronomia do país foram criadas no século XIX, sendo a
primeira em Cruz das Almas (BA) e a Segunda em Pelotas (RS). No início do século XX
surgiram as escolas de Lavras (MG) e Piracicaba (SP) e na segunda década do século em
diante surgiram as demais escolas. O ensino formal de Fitopatologia faz parte da grade
curricular das escolas de agronomia e o ensino na pós-graduação é de história mais recente,
iniciando-se em 1964 com o primeiro curso de mestrado oferecido no Brasil pela ESALQUSP.
Para a divulgação de resultados de pesquisas realizados na área existem três
periódicos especializados Fitopatologia Brasileira, editada pela Sociedade Brasileira de
Fitopatologia, Summa Phytopathologica editada pelo Grupo Paulista de Fitopatologia e a
Revista Anual de Patologia de Plantas.
Atualmente existem grupos de pesquisa e ensino em Fitopatologia em praticamente
todos os estados do Brasil em Instituições de pesquisa ou Ensino conforme apresentado por
BERGAMIN FILHO e KITAJIMA (2011). COSTA em 1975 já alertava que os problemas
desta área em país tão vasto, com as mais variadas culturas, são tão numerosos que seria necessário muito mais técnicos qualificados e instituições de pesquisa que a eles se
dedicassem.
O FUTURO DA FITOPATOLOGIA
Durante os últimos anos, vários fitopatologistas se dedicaram a apresentar artigos
sobre o futuro da fitopatologia (ROGERS, 1996; WEINHOLD, 1996; SCHUMANN e D’ARCY,
1999; ZEIGIER, 2001; SCHUMANN, 2003; STRANGE, 2005). Nestas revisões são
apresentadas várias perspectivas de trabalho para os fitopatologistas assim como os
desafios para os próximos anos. ROGERS em 1996 apresentou algumas oportunidades
para fitopatologistas, como consultas de campo, contratos de pesquisas, testes em fazendas,
patologia forense, serviços de diagnósticos laboratoriais, e serviços de ajuda para
profissionais do ambiente. Apresenta ainda os desafios futuros que seriam a organização e
certificação profissional e eficiência do uso de Internet. A formação científica e cursos
considerados não científicos foram discutidos por SCHUMANN (2003), que aponta como
mais importante apresentar os problemas da agricultura aos estudantes. Estudantes urbanos
e suburbanos necessitam de algum conhecimento biológico para participar como cidadãos
em decisões relacionadas com sua própria saúde, uso apropriado de fontes genéticas, uso
da terra, julgamento racional da engenharia genética e riscos e benefícios de produtos
químicos agrícolas.
LITERATURA CONSULTADA
AGRIOS, G. N. Plant pathology. San Diego: Academic Press. 5 ed. 2005. 922 p.
APSnet Education Center: http://www.apsnet.org
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H. História da Fitopatologia. In BERGAMIN FILHO, A.;
KIMATI, H.; AMORIM, L. (eds.) Manual de Fitopatologia: princípios e conceitos. São
Paulo: Editora Agronômica Ceres. 3. ed., v.1, cap.1, p. 2-12, 1995.
BERGAMIN FILHO, A.; KITAJIMA, E. W. História da Fitopatologia. In AMORIM, L.;
REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A. (eds.) Manual de Fitopatologia: princípios e
conceitos. São Paulo: Editora Agronômica Ceres. 4. ed., v.1, cap.1, p. 3-17, 2011.
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