De acordo com o pesquisador Enio Fraga da Silva, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária unidade Solos (Embrapa Solos), os cuidados com o solo devem começar antes mesmo do plantio da primeira safra, principalmente, pelo intervalo entre os ciclos produtivos ser muito curto.
Em Minas Gerais, muitos produtores optam por plantar a soja na primeira safra e o milho na segunda. Também são opções para o segundo ciclo sorgo, feijão e trigo, por exemplo.
“Entre a primeira e a segunda safra, o agricultor tem muito pouco tempo para tomar a decisão. O ideal é que ele tenha feito um planejamento e que a primeira safra tenha sido implantada de forma adequada, utilizando técnicas de conservação do solo, correção e adubação adequados para o solo. No momento em que antecede o plantio da segunda safra, é importante que ele aplique produtos adequados à cultura que será implantada. É preciso ter atenção na questão da adubação, na escolha de semente de boa qualidade, espaçamento e densidade de semeadura conforme indicado para a variedade e a região”, explica.
Ainda segundo Silva, é interessante fazer o plantio consorciado. Uma das opções é a implantação do grão junto com uma forrageira. Silva afirma que na implantação do milho, por exemplo, seria interessante que o produtor plantasse a forrageira para as culturas se desenvolverem juntas.
Esse tipo de plantio melhora a estrutura do solo, favorecendo a infiltração e retenção da água, a aeração e as demais condições gerais do solo. Após a colheita do milho, a área plantada com a forrageira pode ser ocupada por bovinos.
“O plantio precisa ser feito usando técnicas conservacionistas, principalmente o plantio em nível, que ajuda a conter a erosão, a reduzir a perda do solo, de água e nutrientes das áreas plantadas. Utilizando as técnicas, você melhora as condições do solo, que é um bem muito importante”, diz.
Erosão – A utilização do plantio consorciado é fundamental para reduzir a erosão, que é um dos grandes problemas enfrentados nas áreas voltadas para a produção agrícola e pecuária no mundo. Segundo Silva, estudos feitos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que, no mundo, são perdidos em torno de 75 bilhões de toneladas de solo por ano, o que equivale a uma perda de US$ 400 bilhões em fertilizantes no mesmo intervalo.
“As perdas provocadas pela erosão custam ao produtor, de modo geral, cerca de US$ 5 por hectare ao ano. É um valor significativo, mas, se comparado com a perda de um recurso natural que não é renovável, ela fica pequena. Precisamos ainda levar em consideração que, para se formar o solo, a natureza gesta centenas ou milhares de anos. Por isso, é fundamental que o agricultor se preocupe com os cuidados. Com a erosão, a retenção da água e dos nutrientes é comprometida, o que impacta também na produtividade das lavouras”, destaca.
Outra ação essencial para a preservação do solo é a utilização do sistema plantio direto. De acordo com Silva, ao manter o solo coberto, há uma maior proteção do recurso natural, favorecendo a absorção de água, a preservação dos nutrientes e promovendo a redução da temperatura do solo.
“O objetivo do plantio direto é maximizar a cobertura permanente do solo com culturas vivas. Para ter a produção de fotossíntese e folhagem o ano todo, esperando, com isso, aumento da produtividade. Se não for possível ter a cobertura viva ao longo do ano, é interessante utilizar os resíduos da cultura anterior”, afirma.
Comentários
Postar um comentário