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Danos e controle de pragas secundárias na cultura de citros

Pragas secundárias podem causar sérios prejuízos e danos à cultura, uma vez que ataques severos podem inviabilizar a produção e comercialização da fruta
A praga agrícola consiste em uma população de organismos que podem causar danos às plantas cultivadas, afetando a produção e qualidade do produto a ser consumido. Segundo dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), as pragas agrícolas podem ocasionar danos de até 40% na produção agrícola.
Normalmente, ocorrem em baixas populações e sua frequência é variável, dependendo do ano. Raramente causam danos econômicos, logo, não costumam exigir medidas de controle até que o aumento de sua população cause prejuízos.

Principais Pragas secundárias nos Citros

Na cultura dos citros há diversas pragas consideradas secundárias, porém, apesar disso, elas podem causar sérios danos e prejuízos, o que pode levar à inviabilização da produção e comercialização do produto final. Abaixo estão listadas as principais pragas secundárias para a cultura citrícola e as principais medidas de controle químico:

Lagarta-dos-frutos

A lagarta-dos-frutos é uma das principais pragas secundárias dos citros. Se alimentam de folhas novas e, ao nascerem, a sua preferência são os botões florais, flores, “chumbinho” (0,5 cm), “azeitona” (1 cm) e “quase-ping-pong” (2 cm), atacando raramente frutos maiores, quase maduros. As principais espécies são a Oxydia apidania, mais conhecida como lagarta-mede-palmo, e a Helicoverpa armigera. Ambas podem estragar mais de 10 frutos novos por ciclo de lagarta e, no caso da lagarta-mede-palmo, as perdas podem ser superiores a 50%, além da redução na qualidade da fruta devido aos danos provocados na casca.
O controle químico da lagarta-dos-frutos se dá pela aplicação de piretróides biológicos (Bacillus thuringiensis), produtos fisiológicos e espinosinas. Deve-se sempre verificar se os produtos fitossanitários estão registrados na lista PIC.

Tripes

O tripes é outro inseto-praga para a cultura dos citros, pois ataca inicialmente a flor, e depois, os frutinhos. Há quatro espécies que podem afetar os citros: Scirtothrips citri, Heliothrips haemorrhoidalis, Chaetanaphothrips orchidii e Frankliniella occidentalis. Os principais danos que esta praga causa são a formação de anéis na parte superior do fruto, devido ao raspamento da casca. As células injuriadas da fruta se expandem e formam o anel prateado ou acinzentado. O inseto não provoca a diminuição do tamanho da fruta, porém, por danificar a casca, reduz a qualidade do citro, principalmente quando comercializado na forma in natura, uma vez que o consumidor não compra esta fruta danificada.
O controle do tripes, utilizando produtos fitossanitários, deve ser realizado quando a planta apresenta botões florais. Os principais produtos são o enxofre molhável, inseticidas fosforados com mais cinco quilogramas de açúcar, piretróides e neonicotinóides.

Pulgão

O pulgão infesta a face inferior das folhas, mas também podem ser observadas manchas necrosadas na face superior. Devido à intensa sucção de seiva, os insetos produzem volume significativo de excrementos, que cobrem as folhas inferiores deixando-as pegajosas ou cobertas com fumagina (Capnodium sp). Isso encarquilha as folhas, seca os galhos a partir das extremidades, deixa as folhas amareladas e as folhas e frutos ficam menores, causando o declínio rápido da planta. O inseto ainda é transmissor do vírus da Tristeza dos Citros. Há duas espécies principais de pulgão que atacam os citros, o pulgão-preto (Toxoptera citricida) e o pulgão-verde (Aphis spiraecola). Para controle, deve-se ater-se às brotações novas. São indicados para a praga, produtos fitossanitários do grupo químico neonicotinóides e fosforados sistêmicos.

Mosca-negra

A mosca-negra é uma praga secundária que afeta a exportação dos citros, pois provoca perdas na produção de 20 a 80%, além de reduzir a frutificação em até 80%. Os danos diretos acontecem devido à sucção contínua de nutrientes das folhas, o que resulta no depauperamento das plantas, causado pela alimentação de ninfas e adultos. Os danos indiretos estão relacionados à excreção açucarada eliminada pela praga na superfície da folha, facilitando o aparecimento da fumagina (Capnodium sp.), que reduz a fotossíntese, impede a respiração e diminui o nível de nitrogênio nas folhas. O controle químico da mosca-negra se dá pela aplicação de neonicotinóide, piretróide e fosforados sistêmicos.

Ácaros

Outra praga secundária é o ácaro-das-gemas (Eriophyes sheldoni). O ataque ocorre em tecidos embrionários, sendo que, devido à morte do broto há a estimulação de várias brotações (superbrotamento) deformando os frutos.
Além do ácaro-das-gemas há também o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus), que se alimenta de brotações e frutos novos. Por causa da sua saliva tóxica, causa deformação nas folhas, que ficam assimétricas e com bordas voltadas para baixo. Nos frutos, provoca uma coloração cinza que pode atingir toda a superfície, inviabilizando sua comercialização. Além disso, há a diminuição do tamanho e da quantidade de frutos produzidos.
Os ácaros Tetraniquídeos também atacam os pomares cítricos e são compostos por três espécies distintas:
1) O ácaro-purpúreo (Panonychus citri), que causa o mosqueamento da folha, o secamento de folhas novas, que podem vir a cair, e o secamento dos ponteiros. Os mesmos sintomas ocorrem nos frutos, que também podem vir a cair;
2) O ácaro-texano (Eutetranychus banksi), que provoca o aparecimento de minúsculos pontos amarelados nas folhas, fazendo com que elas percam o brilho, apresentem manchas cloróticas e bronzeadas e até partes necrosadas, podendo vir a cair;
3) O ácaro-mexicano (Tetranychus mexicanus), que deixa as folhas atacadas levemente recurvadas para baixo e, na face superior, forma manchas cloróticas que evoluem para um bronzeamento. As lesões podem gerar necroses localizadas e queda de folhas, e o mesmo pode ocorrer com os frutos.
O controle do ácaro-branco e do ácaro-das-gemas é possível pela aplicação de enxofre molhável, abamectina, óleo mineral e Ortus. O controle químico dos ácaros Tetraniquídeos é realizado pelo uso de óleo mineral, Envidor, Sanmite, Talstar mais Borneo, Obny e Okay.

Cochonilhas

As cochonilhas também são consideradas pragas secundárias para os citros, com destaque à Ortézia (Orthezia praelonga), Escama-farinha (Unaspis citri), Parlatória-dos-citros (Parlatoria cinerea) e Pardinha (Selenaspidus articulatus). Os principais danos diretos causados pela Ortézia incluem a desfolha, enfraquecimento da árvore e queda de frutos. Os que sobram ficam ácidos, com pouco teor de açúcar, muito pequenos e impróprios para o comércio. Os danos indiretos estão relacionados à produção de fumagina, resultando em baixas taxas de crescimento vegetativo, desfolha e queda significativa da produção. O ataque da Ortézia associada à fumagina pode levar à morte da planta.

Escama-farinha

A Escama-farinha é uma praga específica dos citros, e seus danos estão associados à injeção de toxinas que levam à queda de folhas e frutos. Além disso, ramos e raízes podem vir a secar, os troncos podem rachar e secar, o que facilita a entrada de fungos de solo, como os do gênero Phytophthora sp (causador da gomose). O desenvolvimento de fumagina é facilitado pela praga, dificultando os processos de fotossíntese e transpiração das plantas.

Parlatória-dos-citros

A Parlatória-dos-citros causa danos às plantas devido à sucção da seiva e à introdução de toxinas na planta que prejudicam o seu desenvolvimento e propiciam o aparecimento de galhos secos, diminuição da área foliar, manchas e até queda dos frutos. Esta praga contribui para redução de produtividade e depreciação do fruto para a comercialização.

Cochonilha Pardinha

A Cochonilha pardinha, ao se alimentar, injeta uma saliva digestiva responsável pelo aparecimento de manchas amareladas nas folhas e frutos. Os danos indiretos promovidos por esta praga incluem a murcha da folha e diminuição da taxa fotossintética. Desta forma, os frutos atacados ficam deformados, pois não se desenvolvem normalmente, diminuindo a quantidade de suco.
O controle químico para cochonilhas inclui a aplicação de óleo mineral, produtos fosforados, fisiológicos e neonicotinóides.

Uso de defensivos

O uso de defensivos agrícolas no controle de pragas, tanto primárias quanto secundárias, deve ser realizado de forma cautelosa, devendo-se sempre: dar preferência a produtos seletivos e de menor poder residual, evitar repetições de produtos de mesmo grupo químico e modo de ação, e observar as condições climáticas para melhor eficiência do produto.
Atualmente, na agricultura, o controle fitossanitário corresponde a cerca de 40 a 60% do custo de produção, logo, a aplicação de defensivos agrícolas de forma abusiva e incorreta pode culminar na resistência da praga alvo, além de impactar em inimigos naturais e outras pragas, dentre estas, as pragas secundárias.
É bom lembrar que a existência de pragas só ocorre devido à intervenção do homem, que proporciona condições favoráveis para que elas se tornem um problema, principalmente por causa de desequilíbrios ecológicos originados pela concentração de plantas hospedeiras, seleção de linhagens resistentes, introdução de pragas exóticas e destruição de inimigos naturais por conta do uso intenso de defensivos agrícolas. Logo, o manejo inadequado de pragas agrícolas pode gerar sérios problemas com pragas secundárias, que podem se tornar primárias causando danos significativos à cultura.

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