Calagem e gessagem no solo nas grandes culturas agrícolas
Calagem
A calagem é básica para se iniciar um cultivo bem feito!
Especialmente no Brasil, onde os solos são ácidos e o calcário pode aumentar o pH dos mesmos.
Além disso, o calcário neutraliza o alumínio tóxico e ainda fornece nutrientes como cálcio e magnésio para as plantas.
(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)
O cálculo mais utilizado para a calagem no Brasil é pelo método de saturação de bases:
NC = [CTC x (V2 – V1) x (100/PRNT)] / 100
Onde:
NC = Necessidade de Calcário, em t/ha;
CTC = CTCpH7 (capacidade de troca de cátions) em cmolc/dm3;
V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo);
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).
V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada;
V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo);
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).
A fórmula do cálculo de calagem não muda em função da cultura.
O que pode mudar é a recomendação de aumento de V% (saturação por bases), sendo em geral:
- 50% para cereais e tubérculos;
- 60% para leguminosas e cana-de-açúcar e utilizado no Cerrado;
- 70% para hortaliças, café e frutas.
No entanto, é muito comum encontrarmos valores de V% por volta de 70% para as grandes culturas agrícolas, sendo esse um quesito mais pessoal.
Gessagem
A gessagem é indicada para casos específicos de quando o solo uma ou mais das características abaixo:
- Cálcio menor que 0,5 cmolc/dm3;
- Alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3;
- Saturação por alumínio maior que 20%;
- Saturação por bases (SB) menor que 35%.
A recomendação da gessagem é em função do tipo de cultura (anual ou perene) e da textura do solo conforme figura a seguir:
(Fonte: Souza et al., 1996 em Agrícola Canaã)
Desse modo, a gessagem aumenta os teores de cálcio, redistribui o magnésio para as camadas mais profundas do solo (10-20 cm e 20-40 cm), e diminui os teores de alumínio na camada de 20-40 cm.
Mas fique atento, ao contrário da calagem, a gessagem não aumenta o pH do solo.
Por isso, a gessagem não corrige o solo, e sim o condiciona.
Confira agora a calagem e gessagem em específico para soja:
Calagem e gessagem na cultura da soja
A calagem deve ser feita com intervalo de 3 meses antes da semeadura da soja, possibilitando assim a reação do calcário com o solo.
Além disso, o calcário é pouco móvel no solo e por isso deve ser incorporado, com arado e gradagem, ao solo em profundidade mínima de 20 cm.
Se após o cálculo da dose, a necessidade de calagem indicar doses maiores que 5 t/ha, aplique apenas a metade da dose e passe o arado .
Em seguida, aplique restante da dose, passe o arado novamente e faça a gradagem.
No entanto, em sistema de plantio direto recomendo que você faça a correção do solo bem feita antes de começar essa prática.
É claro que depois de algum tempo os processos do solo levarão a volta de acidez, sendo necessária a prática de calagem novamente.
Por isso, após amostragem adequada do solo, aplique calcário mais fino em superfície pelo menos 6 meses antes da semeadura da soja.
Nesse caso, a Embrapa também sugere aplicar apenas 1/3 da dose verificada para alcançar a soma de bases (SB) ideal.
Sistema soja-milho
Para o sistema soja – milho recomenda-se tanto a calagem quanto a gessagem para a cultura de verão (soja), já que haverá ação residual para o milho 2ª safra.
Caso o solo precise de enxofre, é usual a utilização de aplicação de 500 kg por hectare de gesso agrícola, sendo o suficiente para atender a demanda da soja e milho.
(Fonte: Embrapa em Agrícola Canaã)
Calagem e gessagem na cultura do milho
O milho tem baixa tolerância a solos ácidos, sendo o ideal para essa cultura o pH em torno de 6.
Estudos mostraram que com gesso 48% das raízes se distribuem abaixo de 30cm de profundidade, enquanto que esse valor sem gesso é de apenas 10%.
O pH do solo também afeta a atividade da atrazina, um dos principais herbicidas dessa cultura.
Ao fazer a calagem e aumentar o pH do solo, também aumentamos a eficiência deste produto.
Resposta do milho à calagem
(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)
Ressalto a idéia de realizar a correção e gessagem do solo anterior a cultura da soja para obter efeitos residuais dessas práticas também no milho safrinha.
Assim, o que indiquei na cultura da soja, mesmo no sistema de plantio direto, vale também para o milho.
Vamos agora ver essas práticas na pastagem:
Calagem e gessagem em pastagem
Na calagem para pastagens é interessante elevar o V% para 60 para leguminosas, enquanto que para capins você pode elevar apenas para 40.
Se você vai reformar o pasto ou implantar um, vale as mesmas recomendações das culturas: aplicar o calcário e fazer incorporação.
Mas se for na manutenção do pasto, aplique apenas em superfície (tanto o calcário, quanto o gesso) como fazemos em plantio direto.
Além disso, aplique os produtos em época chuvosa, pelo menos 3 meses antes da adubação e não aplique mais de 3 t/ha por vez.
Assim, a própria chuva faz a incorporação do calcário e gesso no solo.
Já foi demonstrado que 100 mm de chuva acumulados são suficientes para essa incorporação.
Para melhorar a incorporação do calcário no solo podemos aplicar gesso 60 dias após a calagem.
O gesso é bem mais móvel que o calcário no solo, e pode levar as partículas a camadas mais profundas.
Por isso essa prática pode ser considerada como um “arado químico”.
É usual a utilização de 25% do gesso. Por exemplo, se a dose de calcário foi 2t/ha, aplique 500 Kg/ha de gesso 60 dias após a calagem.
(Fonte: Contatto Consultoria)
6 Dicas indispensáveis para calagem e gessagem no solo de sucesso
1.Calagem, gessagem e adubação adequadas dependem de monitoramento periódico do solo por análises de solo;
2. Mantenha as análises de solo, operações agrícolas e mapas de produtividade guardados em locais seguros e de fácil acesso para correta realização de calagem e gessagem nas próximas safras;
3. Para determinar o parcelamento das doses em um ou mais anos, se atente ao ou valor do produto, do transporte e da distribuição, além de saber seu custo de produção ao certo;
4. Se for necessária a adubação fosfatada corretiva faça a gessagem também nesse momento;
5. Não faça a calagem com solo úmido pois desse modo há aderência do calcário aos torrões úmidos de solo;
6. Estudos indicam que, em solos sob plantio direto consolidado, o acúmulo de matéria orgânica na superfície pode reduzir o efeito da presença de Al tóxico no solo, sugerindo a calagem superficial, em intervalos menores e com pequenas doses (1,0 a 2,5 t/ha).
Conclusão
A calagem e gessagem não precisam ser práticas confusas ou deixadas de lado.
Com uma boa gestão da propriedade é possível fazer essas práticas para as culturas agrícolas expressarem todo o seu potencial produtivo, conseguindo rentabilidades ainda maiores.
Aqui você viu como funciona a calagem e gessagem para grandes culturas agrícolas, especialmente e em detalhes para soja milho e pastagem.
Agora que você sabe tudo isso, faça seu planejamento de atividades e comece a preparação para suas próximas safras!
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